António Costa enfrenta hoje o seu primeiro debate sobre o estado da nação, na Assembleia da República. O debate que será inevitavelmente sobre o estado da geringonça começa às 15 horas e abre com o discurso do primeiro-ministro.
A direita diz que o país está pior. “O país está pior, os portugueses estão pior e as empresas estão muito pior. A geringonça está, de facto, a estragar o que de bom tinha sido feito. O país não só parou como passou a andar para atrás. Voltámos aos truques da era Sócrates”, diz ao i o deputado social-democrata Duarte Marques.
O porta-voz do PS, João Galamba, responde com a garantia de que o país está “muito melhor do que diz a oposição”. O socialista diz que estes primeiros meses serviram para “criar bases que são fundamentais para mudar o país e inverter o rumo dos últimos anos. Começámos a dar os primeiros passos no primeiro Orçamento do Estado e contamos dar os restantes nos orçamentos que temos pela frente”. O PS realça ainda que nestes primeiros tempos o governo conseguiu cumprir as promessas feitas na campanha eleitoral.
O Bloco de Esquerda fala num tempo diferente. Pedro Filipe Soares, líder parlamentar, garante que está a “valer a pena” e espera que o Orçamento do Estado para o próximo ano seja mais um passo no sentido da “recuperação de rendimentos e recuperação de direitos”. Também o PCP diz que é preciso valorizar o que foi até agora feito pelo governo. João Oliveira, líder parlamentar, diz, porém, que é preciso “levar mais longe a resposta que é preciso dar”.
“Visão fanfarrona” Ao fim de mais de sete meses, a direita já não tem dúvidas de que a estratégia de Costa não está a dar resultados. “Os indicadores revelam a degradação da situação económica e social do país face ao caminho que vinha a ser construído”, diz o dirigente social-democrata Marco António Costa. Na avaliação feita pelo PSD, o país está pior e o governo anda “permanentemente à procura de desculpas para justificar as falhas na concretização da promessa de crescimento económico”.
No início da semana, Passos Coelho escreveu um artigo no “DN” em que traçava um cenário negro sobre a situação do país. “No verão de 2016, o contraste é impressionante. A recuperação económica não só perdeu vigor como a perspetiva de crescimento para este ano recuou de forma medíocre para perto de 1%. Apesar da tendência de decréscimo gradual do desemprego, o emprego parou de crescer, alternando entre a estagnação e a destruição de emprego. O investimento caiu a pique e as exportações interromperam os bons resultados do passado, deixando antever uma deterioração da balança externa.”
Passos escreve que, “infelizmente, as coisas estão a correr mal, mas este resultado não tem nada de inesperado. É apenas a consequência natural da falta de prudência e da visão fanfarrona daqueles que nos governam hoje”.
João Galamba responde às críticas com a acusação de que o PSD “não olhou para os dados nem quando estava no governo, nem agora na oposição. Recomendo que olhem com alguma honestidade. Coisa que não têm tido nos últimos tempos”.
