O “resgate” de Schäuble. PS diz que ministro alemão é um incendiário

O “resgate” de Schäuble. PS diz que ministro alemão é um incendiário


Wolfgang Schäuble corrigiu um primeiro comentário em que falou de um novo resgate a Portugal. Mário Centeno nega nova ajuda financeira


O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, disse quarta-feira que Portugal estava a pedir um segundo resgate e ia consegui-lo. Posteriormente, recuou e esclareceu que o país não o quer e nem precisará dele se “cumprir as regras europeias”.

As palavras de Schäuble mereceram críticas violentas da parte do PS – “a Europa precisa de estabilidade e não de incendiários”. 

Do lado do Ministério de Mário Centeno chegou a garantia de que Portugal não está a preparar, nem precisa de qualquer resgate financeiro.

A manhã já tinha começado com alguma polémica, em resultado de uma entrevista do ministro das Finanças ao jornal Público, na qual admitiu uma revisão das previsões macroeconómicas para este ano, lá para outubro, durante a apresentação do Orçamento de Estado para 2017.

Aqui foi o PSD, pela voz da ex-ministro da Finanças Maria Luís Albuquerque, a acusar o Governo de “falta de vontade” em corrigir a trajetória económica do país, apesar dos avisos que lhe têm sido dirigidos nesse sentido.

Mas, antes mesmo de Maria Luís Albuquerque comentar a entrevista de Mário Centeno, já o primeiro-ministro, em Bruxelas, assegurava que os dados da economia nacional estavam lançados para 2016 e que o país não vive de previsões, mas de realidades.

Costa admitiu que o cenário internacional pode levar a que em outubro, quando se avançar para o OE-2017, seja necessário efetuar alguma “atualização sobre evoluções futuras da economia portuguesa”, mas, quanto a 2016, acredita que “os dados estão lançados e, felizmente, dão contas certas”.

Para a vice-presidente do PSD, além de uma aparente contradição entre o chefe do Governo e o ministro das Finanças, as palavras de Centeno “provam que há um primeiro reconhecimento”, da parte do executivo de que os riscos “se estão a materializar”.

“Ficámos a saber hoje que pode haver uma necessidade de rever o cenário macroeconómico, mas, ao colocar essa eventual possibilidade junto ao final do ano, a conclusão que temos de tirar é a de que o défice é o que for, porque, por essa altura, já será tarde para corrigir eventuais desvios que se possam verificar”, atirou, acusando o governo de uma “aparente falta de vontade para fazer qualquer correção”.

Voltando a Wolfgang Schäuble, o PS, através do porta-voz da bancada parlamentar para os assuntos económicos, João Galamba, não poupou nas palavras para criticar o governante alemão.

“A última coisa de que precisamos neste momento é de incendiários. Já chega a situação complicada no Reino Unido”, disse.

Para o deputado, a Europa “precisa de estabilidade, serenidade e não de declarações” como as do ministro alemão, acentuando ainda que, além disso, aquelas palavras não têm “correspondência com os factos” com a realidade económica nacional.

Quase em simultâneo às declarações de Galamba, o Ministério dirigido por Mário Centeno, assegurava não estar a ser considerado qualquer novo resgate e que o Governo está apostado em cumprir as metas definidas no Orçamento de Estado para este ano.

“Tendo em conta as declarações do ministro alemão das finanças, Wolfgang Schäuble, e ainda que tendo sido imediatamente corrigidas pelo próprio, o Ministério das Finanças esclarece que não está em consideração qualquer novo plano de ajuda financeira a Portugal, ao contrário do que o governante alemão inicialmente terá dito”, lê-se no documento distribuído ao final da tarde.

Segundo o comunicado, o governo “continua e continuará focado no cumprimento das metas estabelecidas para retirar Portugal do Procedimento por Défices Excessivos” e, prova disso, são “os dados da execução orçamental conhecidos até ao momento”.