A carta que fez a TVI noticiar o fecho do Banif

A carta que fez a TVI noticiar o fecho do Banif


Missiva a que o i teve acesso foi enviada pelo BdP a Mário Centeno


O diretor de informação da TVI revelou ontem na comissão de inquérito ao Banif que a notícia sobre o fecho do banco, divulgada uma semana antes da sua resolução, foi obtida por jornalistas da redação com base em “fontes documentais”.

“Na noite de domingo [13 de dezembro de 2015] recebi contactos da redação a dizer que estava confirmado por fontes documentais que a resolução iria ser desencadeada na semana seguinte”, explicou Sérgio Figueiredo, acrescentando: “Se eu tenho uma carta do governador para o ministro das Finanças do dia anterior, é suficiente para avançar com a notícia da TVI”, sustentou.

A carta a que o diretor de informação se refere é uma missiva de 12 de dezembro a que o i teve acesso. Está assinada pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e pelos administradores do regulador, José Ramalho e António Varela. Apesar de estar em inglês, é dirigida ao “muito prezado professor doutor Mário Centeno”.

Os reguladores explicam ao ministro das Finanças que “a medida de resolução é a única solução que salvaguarda a estabilidade financeira”, caso não fosse encontrado comprador para a instituição. Na altura estava em curso um processo de venda do Banif que acabaria por não ser bem-sucedido.

Se a venda do banco não fosse concluída, “o Banco de Portugal, enquanto Autoridade Portuguesa de Resolução, […] não vê alternativa a não ser aplicar uma medida de resolução ao Banif para salvaguardar a estabilidade financeira e para minimizar os custos para os depositantes”, lê-se na carta.

Além da resolução, a única solução indicada pelo regulador era a liquidação do banco, mas o caminho da insolvência traria custos demasiado elevados. Considerando os impactos variados, o vaticínio do Banco de Portugal é claro: “O Banco de Portugal considera que a medida de resolução é a única solução que salvaguarda a estabilidade financeira.”