TAP. Fernando Pinto teve aumento de 30% depois da privatização

TAP. Fernando Pinto teve aumento de 30% depois da privatização


Salário do presidente da companhia passou de 30 mil euros mensais para cerca de 40 mil. Trabalhadores ainda aguardam reposição de vencimentos.


A privatização da TAP foi concluída em novembro do ano passado e, além das várias alterações operacionais que implicou na companhia aérea, trouxe também aumentos nos ordenados da administração. Fernando Pinto viu o vencimento-base subir em mais de 30%.

Segundo informação recolhida pelo i junto de duas fontes ligadas ao setor, o presidente da TAP ganhava cerca de 30 mil euros por mês e passou para um patamar em torno dos 40 mil euros, fora prémios e outras regalias.

No entanto, de acordo com a mesma fonte, o mesmo não aconteceu aos trabalhadores. Em dezembro de 2015, a TAP anunciava que os salários perdidos ao longo de cinco anos iriam ser repostos. Na mensagem de Natal enviada aos funcionários, Fernando Pinto garantia mesmo que as anuidades congeladas iriam ser repostas ao ritmo de uma por ano. No entanto, o assunto continua a ser alvo de negociação.

O i tentou obter um esclarecimento da TAP sobre as alterações nos vencimentos da administração, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.

Cortes durante a troika Em 2014, de acordo com o último relatório societário publicado pela empresa, o gestor brasileiro recebeu uma remuneração- -base anual de 376 mil euros, devido aos cortes remuneratórios que vigoraram durante o programa da troika no setor empresarial do Estado. O vencimento bruto sem cortes foi de 420 mil euros por ano, ou 30 mil euros por mês.

Mas, além desta parcela fixa, o gestor ganhou outros benefícios, como 85 mil euros para despesas com alojamento e um plafond anual de 9 mil euros para comunicações móveis.

Segundo o relatório desse ano, Pinto teve ainda direito a cerca de 70 mil euros com proteção social, seguro de vida e de saúde, além de seguro de acidentes pessoais. Nesse ano, de acordo com o relatório anual, o grupo TAP registou prejuízos de 85,1 milhões de euros.

Ainda não há relatório de remunerações relativamente ao ano passado, mas já se sabe que o grupo TAPregistou prejuízos de 151,7 milhões de euros.

No final do ano passado, a Organização de Aviação Civil Internacional revelou que as companhias aéreas, no geral, tinham melhorado os resultados – com uma forte contribuição da queda de 40% nos preços dos combustíveis, que permitia antever bons resultados para 2016. A organização previa que a descida dos preços do petróleo permitiria “continuar a tendência de subida do tráfego de passageiros e dos lucros”.

No entanto, apesar da forte queda nos preços dos combustíveis, que tiveram um impacto positivo nas contas da generalidade das transportadoras aéreas mundiais, a TAP fechou o ano passado com um agravamento dos prejuízos.
Em comunicado, a companhia aérea explicou que o aumento dos prejuízos resultou da necessidade de consolidar um montante de 91,4 milhões referente a vendas na Venezuela, cujo valor ainda não foi transferido, situação agravada por diversas desvalorizações cambiais. Sem este fator, acrescenta, “o resultado teria sido de apenas 7,6 milhões de euros negativos, evidenciando uma recuperação face a 2014”.

Salário polémico O salário do presidente do conselho de administração da TAP é motivo de polémica há anos. Em 2009, quando apresentou no Tribunal Constitucional a declaração de rendimentos, Fernando Pinto indicava ter recebido em 2008 mais de 816 mil euros – na altura, o “Correio da Manhã” noticiava que este valor representava quase o dobro do estipulado pelo estatuto remuneratório da empresa.

Em resposta, a TAP explicou que o presidente da companhia aérea tinha recebido “prémios atrasados” referentes aos resultados positivos que a transportadora tinha obtido em 2007.

Já no ano de 2008, a TAP tinha reportado um prejuízo de 285 milhões de euros e, de acordo com a mesma publicação, a despesa com todas as remunerações do conselho de administração executivo da TAP ascendiam a 1,82 milhões.

Outra questão que tem sido levantada é o facto de Fernando Pinto ter estado desde 2012 sem apresentar declarações de rendimentos ao TC.