Donald Trump, o candidato republicano à Casa Branca que mais delegados garantiu até agora, pode atravessar uma fase complicada.
As sondagens e o número de delegados que já conseguiu dão a Trump uma larga vantagem em relação aos restantes candidatos republicanos e alguns media internacionais como a CNN apontam Trump como o candidato republicano a disputar a Casa Branca em novembro. Mas há quem queira tramar Trump.
Ted Cruz e John Kasich são também candidatos republicanos e, apesar de serem rivais nesta corrida, uniram-se agora com o objetivo de reverter a situação que deixa Trump em primeiro lugar.
Os dois candidatos anunciaram ontem uma aliança com o objetivo de unir esforços para derrotar Trump.
O anúncio foi feito na noite de domingo pelo diretor de campanha de Ted Cruz, Jeff Roe. “Para nos assegurarmos de que nomeamos um republicano que consegue unir o Partido Republicano e vencer em novembro, a nossa campanha vai concentrar o seu tempo e recursos no estado do Indiana [que vai a votos a 3 de maio] e em troca deixar o caminho aberto para o governador Kasich competir no Oregon e no Novo México”, disse Roe. “Ter Donald Trump no topo do bilhete em novembro seria um desastre certo para os republicanos”, acrescentou.
“O nosso objetivo é ter uma convenção aberta em Cleveland, onde estamos confiantes de que vai surgir um candidato capaz de unir o partido e vencer as eleições de novembro”, lê-se num comunicado de Kasich, também divulgado na noite de domingo.
A medida visa, então, que tanto Cruz como Kasich deixem de fazer campanha em alguns estados a favor do outro.
Matematicamente, não será tão fácil como pensam.
Desespero, diz Trump Donald Trump nunca teve papas na língua e não seria agora que começaria a ter. Assim que soube da intenção dos adversários, não perdeu tempo a reagir nas redes sociais. “Uau, acabou de ser anunciado que o Lyin’ Ted [Ted Mentiroso] e o Kasich vão juntar-se para tentarem afastar-me da nomeação republicana. Desespero!”, escreveu no Twitter.
Para Trump, a parceria entre os adversários é uma amostra de “fraqueza” que reflete que Cruz e Kasich estão “matematicamente mortos e totalmente desesperados”.
Será viável? Se esta aliança trará ou não resultados, só mais tarde se saberá. Contudo, Donald Trump lidera o número de delegados já conseguidos e, para que seja ultrapassado, é necessário que o candidato mais próximo, Ted Cruz, vença outros estados importantes, como a Califórnia, o que contrariaria não só a tendência das votações anteriores, como as sondagens.
As votações continuam hoje e em cinco estados: Pensilvânia, Connecticut, Delaware, Maryland e Rhode Island. Apesar de não serem dos estados que mais delegados permitem eleger, segundo sondagens levadas a cabo pela NBC News, “Wall Street Journal” e o Instituto Marist, Trump tem, na Pensilvânia, uma intenção de voto de 45%, muito superior a Ted Cruz e John Kasich, com 27% e 24%, respetivamente.
Já o site “Real Clear” dá uma vantagem maior a Trump, com 51%. Segundo o mesmo site, o milionário lidera não só na Pensilvânia como nos outros quatro estados que vão a votos hoje. E com uma larga vantagem face aos adversários.
Matematicamente, e para que Cruz e Kasich saiam vencedores, é preciso que Trump perca em praticamente quase todos os estados seguintes. E isso, pelas sondagens, não acontecerá.
Mas o que mais pode dificultar a estratégia, são os delegados que Trump já conseguiu.
Para que um candidato republicano consiga a nomeação, são necessários 1237 delegados. Atualmente, Trump já conta com 844, o que significa que lhe faltam apenas 393 para a nomeação. Muito abaixo de Trump está, em segundo lugar, Ted Cruz, que conta com 543. Ainda mais abaixo, está posicionado John Kasich, com 148. No meio destes dois candidatos ainda se encontra Marco Rubio, com 171.
No total, os cinco estados que vão hoje a votos elegem um total de 172 deputados para os republicanos e ainda 462 para os democratas.
É por isso que, matematicamente, o acordo entre Cruz e Kasich é pouco viável. E, se o que dizem as sondagens se realizar e Trump vencer nestes estados, pode mesmo ir por água abaixo.
A própria imprensa americana admite que o acordo não faz muito sentido e já vem tarde de mais.