Este exercício reiterado de desonestidade visa ilibar Barack Obama do discurso do Egito, da Primavera Árabe e dos desastres no Egito, na Tunísia, na Líbia, na Síria e no Iraque. O presidente dos EUA é pai e mãe dos terroristas do Daesh
Numa semana marcada por mais um massacre de inocentes às mãos dos terroristas do Estado Islâmico, o assunto é evidentemente incontornável. E por uma razão simples. Sempre que a Europa é atingida por um atentado, em Paris e em Bruxelas, como no passado em Madrid e em Londres, saltam da toca os mesmos que fazem extraordinários raciocínios para justificar o injustificável e que, com enorme facilidade e desonestidade, apontam o dedo a George W. Bush, o presidente americano que enfrentou o maior ataque aos Estados Unidos desde Pearl Harbor em 1941 e teve a coragem de desencadear uma guerra total contra o terrorismo que passou pelas invasões do Afeganistão, ninho da Al-Qaeda de Bin Laden, e do Iraque de Saddam Hussein, um sunita como os sunitas do atual Estado Islâmico, financiador e apoiante de todos os movimentos terroristas.
A guerra contra o terrorismo encontrou na Europa uma oposição cobarde da França de Chirac e de outros países que, como de costume, dobram a espinha perante as ameaças e sofrem, mais cedo que mais tarde, as consequências da sua cobardia. A verdade é que a Al-Qaeda de Bin Laden é hoje uma organização fragilizada, sem meios e apoios, devido à ação firme do republicano que esteve oito anos na Casa Branca.
O seu sucessor, o democrata Barack Obama, que fez derramar lágrimas de alegria nesta velha Europa cobarde, decadente e impotente que ontem como hoje precisa do chapéu-de-chuva americano em matéria de defesa, começou o seu mandato com um discurso criminoso no Egito, uma intervenção que abriu as portas à Primavera Árabe. Mais uma vez, a Europa babou-se com as quedas dos regimes autoritários de Ben Ali, na Tunísia, de Kadhafi, na Líbia, de Mubarak, no Egito, e com a brutal guerra civil na Síria de Assad.
Agora, cinco anos depois, os resultados estão à vista de todos. O Estado líbio desapareceu e transformou–se num território livre para terroristas e traficantes de seres humanos; a Tunísia teve de lutar para repor um estado laico; o exército egípcio de Sissi saiu dos quartéis para dizimar a Irmandade Muçulmana; e o regime de Damasco enfrentou e enfrenta grupos armados e o Estado Islâmico numa guerra brutal que matou milhares e milhares de pessoas e lançou milhões de sírios para uma fuga desordenada do país, a caminho de uma Europa que ameaça desagregar-se com a onda de refugiados.
A Primavera Árabe, apoiada por Barack Obama e por esta velha, decadente e impotente Europa, foi a mãe do Estado Islâmico, um califado apoiado firmemente pelos sunitas da Turquia e pelos sunitas da Arábia Saudita, firmes aliados dos Estados Unidos. Os EUA tentaram convencer o mundo de que estavam firmes na luta contra os jihadistas e formataram uma coligação-fantoche para os combater.
Os resultados são conhecidos. O Daesh não só conquistou mais território na Síria e no Iraque como instalou na Europa comandos bem treinados e financiados para matar inocentes em Paris e Bruxelas. A coligação- fantoche liderada pelos Estados Unidos foi o escudo de proteção dos negócios dos terroristas, como a venda de petróleo à Turquia de Erdogan, e dos ataques bárbaros a minorias cristãs e curdas, ameaças para o regime de Ancara. Para azar dos Obamas, dos Hollandes e dos Camerons desta Europa velha, decadente e impotente, e dos amigos dos EUA em Riade e Ancara, a Rússia de Putin entrou na guerra ao lado de Assad e tudo começou a mudar na Síria.
O Estado Islâmico e outros grupos apoiados por Washington começaram a sofrer sérias derrotas e as forças de Assad reocuparam territórios há muito dominados por bandidos. O último exemplo é Palmira, cidade histórica parcialmente destruída pelo Estado Islâmico, que foi reocupada pelo exército sírio apoiado pela força aérea russa. É por isso que a ofensiva diplomática dos EUA para iniciar conversações de paz é encarada com grande desconfiança por Moscovo.
A paz de Obama e companhia tem apenas como objetivo último impedir a destruição do Daesh. O combate aos jihadistas aliados da Turquia e da Arábia Saudita tem de ser feito sem e contra os Estados Unidos de Barack Obama. Em novembro de 2015, o presidente amado pelos europeus afirmou que o Estado Islâmico estava controlado, poucos dias antes dos atentados de Paris, que mataram mais de 120 pessoas.
Agora, com mais este massacre de Bruxelas, é altura de a Europa, velha, decadente e impotente e o mundo perceberem até que ponto foi e é perigoso ter um cabotino ao comando da maior potência do mundo. Agora, com o medo a dominar uma Europa invadida por refugiados da Síria e do Iraque, é tempo de a intelectualidade europeia perceber, de uma vez por todas, que o dedo do amado Obama está em Paris, em Bruxelas, na Líbia e na Síria.
Agora, que o amado Obama está de saída da Casa Branca, é tempo de a intelectualidade europeia tirar a cabeça da areia e julgar como deve ser o homem que manchou o pouco que havia de digno no Prémio Nobel da Paz. Deixem em paz George W. Bush, sejam honestos e tenham a coragem de dizer que estes últimos oito anos foram uma desgraça para a Europa e para o mundo. Em janeiro de 2017, quando Obama regressar a Chicago, independentemente de quem vier a ocupar a Casa Branca, seja Trump ou Hillary Clinton, o mundo ficará, por certo, menos perigoso.