Empreitadas. Quase metade dos contratos foi objeto de alterações

Empreitadas. Quase metade dos contratos foi objeto de alterações


Auditoria do Tribunal de Contas concluiu ainda que mais de metade dos contratos que sofreram alterações resultaram de “deficiência na conceção dos projetos”


Quase metade dos contratos de empreitadas de obras públicas sofrem alterações e 57% das situações alteradas “resultaram de deficiências na conceção dos projetos”. Esta é uma das principais conclusões de uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC) sobre a “evolução global dos trabalhos adicionais no âmbito dos contratos de empreitada” entre 2011 e 2013.

Depois de analisar a informação relativa a 3266 contratos (iniciais) de empreitada de obras públicas com um valor global de 6,8 mil milhões de euros – remetidos por 451 entidades públicas [297 integradas na administração local, 73 nos setores empresariais do Estado (SEE) e local (SEL), 72 na administração central, 8 fundações e 1 cooperativa] -, os juízes do tribunal concluíram que “em 1513 contratos foram executados trabalhos adicionais e/ou suprimidos trabalhos contratuais, com inerente repercussão no preço contratual inicial”.

Ainda assim, o relatório refere que “o número, o montante financeiro e o acréscimo de encargos dos adicionais a contratos de empreitada remetidos ao TdC têm vindo a diminuir” em relação ao período compreendido entre 2006 e 2012, embora o número de atos/contratos adicionais “tenha recomeçado a subir” no segundo semestre de 2013, período em que foram 212. Um ano depois já foram 441 e no segundo semestre de 2015 foram 484.

O mesmo se passou em relação aos montantes financeiros envolvidos. No segundo semestre de 2015, os “trabalhos a mais” representaram 29,5 milhões de euros, mais 6,8 milhões do que em igual período de 2014, e mais 20,9 milhões do que no final dos primeiros seis meses de 2013. As alterações aos contratos de empreitada de obras públicas continuam a distribuir-se por todos os tipos de obras, tendo uma especial incidência na reabilitação de edifícios escolares e nas vias de comunicação. As modificações contratuais respeitaram em especial a trabalhos de arquitetura, redes de água e drenagem de esgotos e movimentos de terras.

A Parque Escolar e a Estradas de Portugal foram os organismos com o maior volume de acréscimo de trabalhos com, respetivamente, 216,2 e 129,8 milhões de euros.

Menos informação Outra das conclusões da autoria prende–se com o facto de a percentagem de contratos adicionais remetidos ao Tribunal “em que não foi prestada informação sobre a natureza dos trabalhos alterados [ter aumentado] significativamente”. A este propósito, o relatório revela ainda que foram efetuados questionários eletrónicos a todos os organismos públicos que outorgaram contratos – 51 “não responderam e três não responderam de forma completa”.