Sebastião está vivo, reencarnou em Marcelo o mito


É a nossa redenção, a nossa rotunda, Alcácer-Quibir nunca acontecido, é o desejado. Pai e amante, trovão e suspiro


Hoje é o primeiro dia de uma Presidência ansiosamente desejada pelo próprio inquilino, agraciado no “Reality Show Portugal” com estadia de palacete em Belém, por um período de cinco anos renováveis.

Entretanto, para ajudar à festa, uns pataratas afrancesados, que é epíteto da maltosa que está sempre disposta a saltar de bando, impingem-nos, em toda a brochura impressa ou em opinião de antena ao léu, que agora é que isto vai ser maravilhoso e que, tal como já tinha acontecido noutra Belém mais a oriente, também aqui o milagre se vai repetir, e a felicidade inundar os nossos corações, e tudo isto pela mão amantíssima do professor-prodígio.

Trafulhas de banca alugada garantem pelas alminhas que a farmacopeia do hipocondríaco doutorado trata qualquer maleita e cura qualquer ressaca.

Uma criatura tão professorada, que tanto falazar botou sobre todas as coisas, celestes e terrestres, mortas ou vivas, deste mundo e do outro, de tudo e do seu contrário, mestre da invencionice, especialista em treta erudita, tem de certeza receita infalível para o eldorado. Ámen mil vezes. Prostrado me confesso, e ámen outra vez.

Ele é bonacheirão, come sandes de queijo, lê a metro, faz sorrir as senhoras, chora com os pobres e empanturra-se com os ricos. Nada muito, nada que se farta, é de direita mas é como se não fosse, mas quando lhe dá para o fino de outros tempos, a esquerda quebrada e tonta excita-se e convida-o para apresentar almanaques.

É do centro-esquerda esquina com a direita gorda, mas no final é um garboso e beato independente. Ditosa pátria que pariu um espécime desta valia. Estamos salvos. Ámen.

É popular, percebe de bola, todos foram seus alunos, frequenta missas e vai a festas de comunistas, é amigo de todos, é austero mas pratica o ócio com banqueiro, é nosso pai e nossa mãe, e nós somos todos seus filhos, a nação rejubila e, em procissão com badaladas, aclama o professor. Ámen, ámen outra vez.

Deslumbra-se com o Papa Francisco, mas deslumbra-se ainda mais com o pai Espírito Santo. Descobriu os Brasis, escreveu os Lusíadas, esteve em todos os sítios e em lugar nenhum.

Andou aos saltos pelos telhados, foi ele que em abril desceu o Chiado com o rabo na chaimite, perdão que este monstro não tem rabo, como os anjos, etéreo, um assim como assim, igual a veremos. Eu quero ser seu espantado filho. Saravá, mil vezes saravá, e um ámen.

Ele é um comunicador, ganhou sozinho, é verdade que com ajuda de quase 20 anos de televisão, mas por favor, quem nunca pecou que lance a primeira pedra e acerte. Ele, quando não sabe, explica, é um em princípio talvez, e defendeu o Estado social com a brilhantez do seu silêncio e a argúcia do seu olhar. Para ele, um grande ámen.

Ele é o ponto de encontro, o que ainda não chegou ou já lá não está. Ele é a unanimidade dos 200 por cento, ele é mais que doutrina ou ideologia, também é punhal e veneno. Ámen.

É a nossa redenção, a nossa rotunda, Alcácer-Quibir nunca acontecido, é o desejado. Sebastião está vivo, reencarnou em Marcelo o mito. Pai e amante, trovão e suspiro.

Ah! Como estou arrependido de ter vilipendiado e sido grosseiro com tão brilhante e compassivo humano, agora só Presidente.

Pudesse eu voltar atrás e apagar tudo o sucedido. Agora é tarde, confiteor, mea culpa, mea maxima culpa. Deus me salve. Ámen.


Sebastião está vivo, reencarnou em Marcelo o mito


É a nossa redenção, a nossa rotunda, Alcácer-Quibir nunca acontecido, é o desejado. Pai e amante, trovão e suspiro


Hoje é o primeiro dia de uma Presidência ansiosamente desejada pelo próprio inquilino, agraciado no “Reality Show Portugal” com estadia de palacete em Belém, por um período de cinco anos renováveis.

Entretanto, para ajudar à festa, uns pataratas afrancesados, que é epíteto da maltosa que está sempre disposta a saltar de bando, impingem-nos, em toda a brochura impressa ou em opinião de antena ao léu, que agora é que isto vai ser maravilhoso e que, tal como já tinha acontecido noutra Belém mais a oriente, também aqui o milagre se vai repetir, e a felicidade inundar os nossos corações, e tudo isto pela mão amantíssima do professor-prodígio.

Trafulhas de banca alugada garantem pelas alminhas que a farmacopeia do hipocondríaco doutorado trata qualquer maleita e cura qualquer ressaca.

Uma criatura tão professorada, que tanto falazar botou sobre todas as coisas, celestes e terrestres, mortas ou vivas, deste mundo e do outro, de tudo e do seu contrário, mestre da invencionice, especialista em treta erudita, tem de certeza receita infalível para o eldorado. Ámen mil vezes. Prostrado me confesso, e ámen outra vez.

Ele é bonacheirão, come sandes de queijo, lê a metro, faz sorrir as senhoras, chora com os pobres e empanturra-se com os ricos. Nada muito, nada que se farta, é de direita mas é como se não fosse, mas quando lhe dá para o fino de outros tempos, a esquerda quebrada e tonta excita-se e convida-o para apresentar almanaques.

É do centro-esquerda esquina com a direita gorda, mas no final é um garboso e beato independente. Ditosa pátria que pariu um espécime desta valia. Estamos salvos. Ámen.

É popular, percebe de bola, todos foram seus alunos, frequenta missas e vai a festas de comunistas, é amigo de todos, é austero mas pratica o ócio com banqueiro, é nosso pai e nossa mãe, e nós somos todos seus filhos, a nação rejubila e, em procissão com badaladas, aclama o professor. Ámen, ámen outra vez.

Deslumbra-se com o Papa Francisco, mas deslumbra-se ainda mais com o pai Espírito Santo. Descobriu os Brasis, escreveu os Lusíadas, esteve em todos os sítios e em lugar nenhum.

Andou aos saltos pelos telhados, foi ele que em abril desceu o Chiado com o rabo na chaimite, perdão que este monstro não tem rabo, como os anjos, etéreo, um assim como assim, igual a veremos. Eu quero ser seu espantado filho. Saravá, mil vezes saravá, e um ámen.

Ele é um comunicador, ganhou sozinho, é verdade que com ajuda de quase 20 anos de televisão, mas por favor, quem nunca pecou que lance a primeira pedra e acerte. Ele, quando não sabe, explica, é um em princípio talvez, e defendeu o Estado social com a brilhantez do seu silêncio e a argúcia do seu olhar. Para ele, um grande ámen.

Ele é o ponto de encontro, o que ainda não chegou ou já lá não está. Ele é a unanimidade dos 200 por cento, ele é mais que doutrina ou ideologia, também é punhal e veneno. Ámen.

É a nossa redenção, a nossa rotunda, Alcácer-Quibir nunca acontecido, é o desejado. Sebastião está vivo, reencarnou em Marcelo o mito. Pai e amante, trovão e suspiro.

Ah! Como estou arrependido de ter vilipendiado e sido grosseiro com tão brilhante e compassivo humano, agora só Presidente.

Pudesse eu voltar atrás e apagar tudo o sucedido. Agora é tarde, confiteor, mea culpa, mea maxima culpa. Deus me salve. Ámen.