Transportes. Governo poderá ter de pagar centenas de milhões

Transportes. Governo poderá ter de pagar centenas de milhões


Subconcessão das empresas públicas de transporte foi suspensa quando António Costa entrou em funções


O grupo mexicano ADO, que venceu a concessão da Carris e do Metro de Lisboa, garante que a reversão da concessão é “caso jurídico muito forte” para pedir indemnização em Washington.

De acordo com o “Diário Económico”, o grupo foi notificado formalmente da reversão e diz estar a analisar os argumentos da notificação: “Iremos até às últimas consequências para defender os nossos interesses”.

Caso o pedido de indemnização avance, pode estar em causa um pedido de centenas de milhões de euros. O recurso deve ser apresentado no Tribunal Arbitral Internacional de Washington, EUA, porque o grupo não está obrigado a recorrer nas instâncias jurídicas comunitárias. A posição do grupo mexicano é de que esta reversão do processo viola, acima de tudo, um tratado internacional de proteção de investimento mútuo entre os dois países, México e Portugal.

Em questão está um negócio que assegurava que, durante oito anos, este grupo mexicano iria receber 1075 milhões de euros para assumir a gestão destas empresas. Mas nem só a perda destes valores será invocada pelo grupo. O ADO vai ainda sublinhar o facto de haver uma quebra de confiança e frustração de expetativas.

Em janeiro, a questão das indemnizações foi abordada, mas o governo reiterou que não tem de pagar qualquer valor por ter cancelado os contratos. “O governo não acha que seja necessário pagar qualquer indemnização a estas empresas”, afirmou, nesta altura, João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente.

Ainda nesta altura, o responsável por esta pasta fez saber que a possibilidade de ter de pagar uma indemnização era uma questão “que preocupa muito pouco o governo”. Apesar de ter dito que não estava a decorrer nenhuma ação em tribunal, João Pedro Matos Fernandes fez saber que, se vier a decorrer e se for constituída uma indemnização, terá de ser paga.

“O que importa perceber é o que temos a ganhar com a reversão das subconcessões. Eram contratos que serviam muito mal a mobilidade. Eram contratos fundados numa rede única, que não era a necessária para garantir uma mobilidade sustentável em Lisboa. Por isso, os ganhos são muitos”, frisou, nesta altura, o ministro.

A subconcessão das empresas públicas de transporte foi lançada pelo executivo de Pedro Passos Coelho, que atribuiu à espanhola Avanza, que pertence ao grupo mexicano ADO, a exploração da Carris e do Metro de Lisboa, à National Express a STCP, e à francesa Transdev o Metro do Porto. No entanto, António Costa suspendeu o processo quando entrou em funções.