Buraco do Novo Banco aumenta em 2015

Buraco do Novo Banco aumenta em 2015


Prejuízos do “banco bom” que resultou do BES podem ultrapassar os 900 milhões. Banco de Portugal reúne-se com a associação de lesados


O Novo Banco vai apresentar hoje as suas contas de 2015 mas os resultados não são famosos. Os prejuízos vão aumentar e poderão mesmo utltrapassar os 900 milhões de euros, segundo o Público. Um montante que representa quase o dobro do buraco registado no final de 2014 (467,9 milhões).

O agravamento dos prejuízos do “banco bom” que resultou do BES – até meados de 2015 os prejuízos eram de 257 milhões – deve-se em parte ao reconhecimento de novas imparidades associadas a grandes clientes do antigo banco de Ricardo Salgado. Os créditos eram considerados “saudáveis” na altura da resolução do BES (Agosto de 2014) mas os clientes entraram em incumprimento o ano passado e transformaram-se em malparado. Apesar das imparidades, o Novo Banco deverá apresentar um resultado operacional acima dos 100 milhões de euros, segundo o Diário Económico.

Os resultados negativos do banco já vêm do primeiro semestre de 2014, quando o antigo BES registou um prejuízo histórico de 3600 milhões, o mais elevado de sempre no setor bancário. As perdas do BES/Novo Banco totalizam assim quase 5000 milhões de euros em dois anos.

Quando tomou a decisão em 2014, o Banco de Portugal chegou a afirmar que a injeção de  4900 milhões de euros seria suficiente para cobrir o buraco do banco.

A divulgação das contas de 2015 surgem numa altura em que o Banco de Portugal se prepara para iniciar uma segunda tentativa para vender o Novo Banco.

Reunião com os lesados No mesmo dia em que Stock da Cunha apresenta as contas do banco, o_Banco de Portugal vai reunir-se com a associação dos lesados do BES, que já ameaçou abrir um processo judicial contra o banco central pelo facto de ter assumido a posição de que o Novo Banco não tem de compensar os clientes lesados.

A reunião irá decorrer dias depois do primeiro-ministro, António Costa ter criticado publicamente o banco central por ainda não ter resolvido o problema dos investidores em títulos de papel comercial vendido aos balcões do antigo BES. Este encontro vai acontecer antes de o regulador do setor financeiro se voltar a sentar à mesa com a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e representantes do governo.

A Associação dos Indignados dos e Enganados do Papel Comercial representa 900 dos mais de 2.000 clientes do antigo BES que investiram em papel comercial do antigo BES e empresas do Grupo Espírito Santo, como a ESI_e a Rioforte.

O Banco de Portugal recusa que o Novo Banco tenha qualquer responsabilidade sobre estes títulos de dívida. E que se a assumisse poderia afetar a hierarquia de credores, abrindo margem para mais processos judiciais.

Já a CMVM acredita que o Banco de Portugal tem de assegurar que o banco pague os cerca de 500 milhões de euros em papel comercial, nas mãos de mais de 2.000 clientes.

Há um ano, Stock da Cunha chegou a afirmar na Assembleia da_República que não descansaria “enquanto não encontrar uma solução para o papel comercial”. Mas a solução tarda em chegar.