Ferrari Scaglietti. Picasso podia ter pintado um quadro assim

Ferrari Scaglietti. Picasso podia ter pintado um quadro assim


Percebemos que seja chato mas olhe aqui para o texto em vez de se distrair com o automóvel abaixo. Nem que seja para ficar com ainda mais inveja de quem o comprou.


Trata-se de um Ferrari 335 S Spider Scaglietti de 1975, um dos mais raros da marca já que só quatro foram feitos em toda a sua história. Foi vendido por cerca de 32 milhões de euros na casa de leilões Artcurial Motocars em Paris no passado dia 5 e 6 deste mês e suspeita-se que os jogadores de futebol Messi e Cristiano Ronaldo fizeram parte da licitação.

Mas já lá vamos. Para além de ser comparado a quadros de Pablo Picasso e a esculturas de Auguste Rodin, o que é que este carro tem de tão especial? Primeiro porque é visto como a maior venda de sempre no mundo automóvel, e depois porque foi conduzido por lendas britânicas da Formula 1 como Mike Hawthorne ou Stirling Moss, um dado que só aumentou a curiosidade (e o preço) de quem o quis comprar.

Este que foi agora vendido esteve 40 anos nas mãos do piloto e coleccionador francês Pierre Bardinon nos anos 70 – com mais de cinquenta carros da mesma marca. Mas quando Bardinon morreu em 2012 a família foi aconselhada que vendesse a relíquia de quatro rodas num leilão francês para pagar algumas dívidas, já que se tratava de um carro “topo do topo”, segundo contou Marcel Massini, um historiador da Ferrari, ao Daily Mail. E assim foi.

Foi conduzido pela primeira vez pelo piloto Peter Collins e o seu parceiro francês Maurice Trintignant na Sebring 12 Hours em 1957 e depois ficaria em segundo em Maio desse ano, com Wolfgang von Trips atrás do volante no Mille Miglia. Voltou à fábrica e o seu motor seria aumentado para os 4.1 litros, tornando-se num 335 S, podendo alcançar os 300 km/h.

E é aí que atinge o estrelato nas pistas. Mike Hawthorn, que se tornaria campeão da Formula 1 em 1958 e Luigi Musso estabeleceram o primeiro recorde no Le Mans 24 Horas a 200 km/h, só que o o carro acabaria por ter de encostar à box com problemas mecânicos. Com um quarto lugar no_Gran Prix da Suécia e um segundo posto no da Venezuela, esta máquina ajudou a Ferrari a vencer o título de World Constructors em 1957.

A sua última e derradeira conquista foi com Stirling Moss e Masten Gregory no Gran Prix de Cuba a 24 de fevereiro do mesmo ano, para depois ser vendido, 2 anos depois, a um arquitecto americano e a tantos outros com o passar do tempo. Para Rebecca Ruff da Artcurial o comprador é alguém com muita sorte. “Esteve numa colecção privada durante muito tempo, portanto é pouco habitual estar para venda. Foi uma raríssima oportunidade”, disse ao Telegraph.

Se Messi o comprou? A sua conta de Twitter diz que não, e o argentino mostrou aos fãs uma imagem de um carrinho de brincar negando, com humor, os rumores. Quanto a Ronaldo, que terá supostamente perdido a licitação, partilhou um vídeo nas redes sociais a dizer que “preferia tanto um Lamborhini ou um Ferrari”. É que o português tem as duas marcas na sua garagem em Madrid.

Curiosidades

Só há quatro em todo o mundo. Foi conduzido por alguns dos melhores pilotos britânicos da história

Quando voltou à fábrica nos anos 50, foi equipado com um motor V12 com a capacidade de 4.1 litros

Tem 400 cavalos e pode chegar aos 300km/h mas foi desenhado para ser conduzido em pista, e não em autoestrada

Os licitadores presentes em Paris compararam-no a quadros de Picasso e às esculturas
de Auguste Rondin

A base de licitação em Paris começou nos 20 milhões de euros mas acabou nos 32 milhões de euros

jose.capucho@ionline.pt