Ascenso Simões: Rangel tem “pensamento fascista”

Ascenso Simões: Rangel tem “pensamento fascista”


O ex-diretor de campanha do PS escreveu ontem um artigo no “Acção Socialista” intitulado “Rangel, uma cabeça doente”. É um violento ataque ao eurodeputado do PSD Paulo Rangel


O título é violento – “Rangel – uma cabeça doente” – mas o deputado socialista Ascenso Simões, que foi cabeça de lista por Vila Real e diretor de campanha do PS, consegue ainda ser mais violento no texto que publicou ontem no “Acção Socialista” digital, o órgão oficial do PS, que hoje comemora o seu primeiro aniversário, numa cerimónia onde vai estar o primeiro-ministro António Costa.

No texto sobre Paulo Rangel, Ascenso Simões afirma: “Já não é a primeira vez que Rangel se afirma pela diatribe. Em muitas circunstâncias, olhando as suas prestações televisivas, constata-se uma linha de pensamento ‘fascista’, por vezes doente.”

Segundo argumenta Ascenso Simões, “Rangel tem para si uma ideia só – existe quando se estica, consagra auditório quando vai para além da decência”. Ascenso critica as prestações de Paulo Rangel em Bruxelas, enquanto deputado europeu. “Vem isto a propósito do comportamento de Paulo Rangel, no universo das instituições europeias, tentando limitar a capacidade do país de se afirmar nas negociações com a Comissão Europeia.”

Ascenso sustenta que “há limites que nos devemos impor na defesa do país”: “Podemos não concordar com a solução de governo, podemos ter grandes desconfianças quanto às propostas do Orçamento do Estado, mas há limites que nos devemos impor na defesa do país.”

Na ótica do deputado socialista, que já foi secretário de Estado da Administração Interna no tempo em que António Costa era ministro da pasta, “os agentes políticos têm obrigações. Desde logo, obrigações para com o seu país, na defesa das nossas instituições perante entidades externas. Rangel deveria saber isso”.

Além de acusar Paulo Rangel de não estar a defender os interesses de Portugal em Bruxelas, o deputado socialista acha que Rangel “não suporta o funcionamento da democracia”. “Mas o que levou o deputado europeu a proclamações maldosas foi, tão-só, o facto de não suportar o funcionamento da democracia, de não ter integrado no seu património a possibilidade de se assumir uma nova etapa da nossa democracia e de confirmar um novo papel do parlamento no contexto das relações de poder”.

Para o deputado socialista, o eurodeputado do PSD – e comentador político na TVI-24 e no “Público” – é “um deputado da direita radical”.

“É habitual encontrar, nos grupos radicais europeus, protagonistas que usam o exagero, o atrevimento, a falta de tino para atacar as instituições legítimas dos seus países. Em Portugal sempre pensámos que os nossos deputados em Bruxelas se situavam em campos não populistas. Enganámo-nos. Rangel é um deputado da direita radical, um insuportável agente que deixa mal Portugal.”

No debate do Orçamento, António Costa tinha acusado Paulo Rangel de ter, num plenário do Parlamento Europeu, prejudicado a aprovação do Orçamento por Bruxelas. Rangel respondeu num artigo do “Público”, acusando Costa de “mentir” e “manipular”. “Não me calará”, afirmou o eurodeputado. “Não tolero e não admito, nem por uma fração de segundo, que [Costa] ponha em causa o meu patriotismo, o meu sentido nacional. Repito: não tolero, não admito e não recebo nem lições nem remoques de António Costa (…) Uma coisa lhe garanto, por muito que isso lhe custe: não me intimida nem me calará.”