Cresce o medo?


O que diriam a uma criança de 6 e outra de 9 anos que no decorrer de uma normal conversa de almoço, ao ser equacionada hipótese de visitar Londres, dissessem: 


– Londres? Londres não está a ser atacada? – Pergunta a mais nova.
– Não mana! Paris é que foi atacada! – Corrige a mais velha.

Disse-o a minha filha! Tem 6 anos! Está na primeira classe! Em casa brinca, não vê o telejornal, não viu as imagens dos ataques de Paris. De onde terá tirado a ideia do – Está a ser atacada!?

Não tive reação! Desvalorizei o momento. Limitei-me a deixar cair um – Não está nada querida!
Não ficou convencida – típico do seu feitio – mas deixou também cair o assunto em silêncio quase que a poupar-me do embaraço da minha reação.

Não parei de pensar no assunto. É esta a perceção que uma criança de 6 anos tem da Europa? Está plantado o medo?
Para quem (como eu) viveu a sua juventude durante as décadas de 80 e 90, a observação da minha filha é um valente soco no estômago. A única coisa que me impediria de visitar Londres ou Paris seria a falta de dinheiro e nunca o medo de ser atacado.

Mesmo nós que vivemos portas meias com os atentados da ETA em Espanha, nunca tivemos esta sensação de medo. Pelo menos eu nunca a tive. Alguma vez planeei uma viagem na Europa com base na probabilidade de haver um ataque terrorista? Nunca. Nem hoje! 

Habituei-me a viver numa Europa que evoluiu de um espaço vedado e com fronteiras para um imenso museu aberto à livre circulação para quem o quisesse visitar.

É assustador! É tenebroso pensar que os nossos filhos vão crescer numa Europa em que o medo determina a forma de estar e pensar. Porque se uma criança de 6 anos, hoje, teme visitar um local na Europa com medo de ser atacada, a ideia que terá do Mundo será forçosamente diferente daquela que nós – Pais – construímos ao longo da nossa infância.
Esta é porventura a batalha mais dura que temos que travar e dentro das nossas próprias casas! Não permitir que o medo lhes condicione a vida e, sobretudo, não permitir que esse medo os molde e lhes crie dogmas e convicções que invertam o rumo que demos (e bem) à Europa de 80 e 90.

Não era uma prioridade até hoje. Agora? Tudo farei para as levar a essa Europa livre que vi crescer.

Mais do que as habituais manifestações de solidariedade, é importante travar este medo e afirmar os valores de Adenauer, Monnet e Schuman. Se crescer voltará a intolerância, a cegueira e a xenofobia.

 


Cresce o medo?


O que diriam a uma criança de 6 e outra de 9 anos que no decorrer de uma normal conversa de almoço, ao ser equacionada hipótese de visitar Londres, dissessem: 


– Londres? Londres não está a ser atacada? – Pergunta a mais nova.
– Não mana! Paris é que foi atacada! – Corrige a mais velha.

Disse-o a minha filha! Tem 6 anos! Está na primeira classe! Em casa brinca, não vê o telejornal, não viu as imagens dos ataques de Paris. De onde terá tirado a ideia do – Está a ser atacada!?

Não tive reação! Desvalorizei o momento. Limitei-me a deixar cair um – Não está nada querida!
Não ficou convencida – típico do seu feitio – mas deixou também cair o assunto em silêncio quase que a poupar-me do embaraço da minha reação.

Não parei de pensar no assunto. É esta a perceção que uma criança de 6 anos tem da Europa? Está plantado o medo?
Para quem (como eu) viveu a sua juventude durante as décadas de 80 e 90, a observação da minha filha é um valente soco no estômago. A única coisa que me impediria de visitar Londres ou Paris seria a falta de dinheiro e nunca o medo de ser atacado.

Mesmo nós que vivemos portas meias com os atentados da ETA em Espanha, nunca tivemos esta sensação de medo. Pelo menos eu nunca a tive. Alguma vez planeei uma viagem na Europa com base na probabilidade de haver um ataque terrorista? Nunca. Nem hoje! 

Habituei-me a viver numa Europa que evoluiu de um espaço vedado e com fronteiras para um imenso museu aberto à livre circulação para quem o quisesse visitar.

É assustador! É tenebroso pensar que os nossos filhos vão crescer numa Europa em que o medo determina a forma de estar e pensar. Porque se uma criança de 6 anos, hoje, teme visitar um local na Europa com medo de ser atacada, a ideia que terá do Mundo será forçosamente diferente daquela que nós – Pais – construímos ao longo da nossa infância.
Esta é porventura a batalha mais dura que temos que travar e dentro das nossas próprias casas! Não permitir que o medo lhes condicione a vida e, sobretudo, não permitir que esse medo os molde e lhes crie dogmas e convicções que invertam o rumo que demos (e bem) à Europa de 80 e 90.

Não era uma prioridade até hoje. Agora? Tudo farei para as levar a essa Europa livre que vi crescer.

Mais do que as habituais manifestações de solidariedade, é importante travar este medo e afirmar os valores de Adenauer, Monnet e Schuman. Se crescer voltará a intolerância, a cegueira e a xenofobia.