Algo que a sua voz já continha em Blouse, o seu trio de dream-pop oriundo de Portland, uma morbidez apetecível, uma acalmia moribunda, meio pré-morte mas sem convocar o suicídio. “Palana” é a sua estreia a solo, de classificação complexa, um folk meio eletrónico, ou sintetizado, pelo menos.
Onde Hilton nos conquista é na composição, letras obscuras e que invocam pequenas telas abstratas, arte para se consumir sem distanciamento. A produção é diversa, sob o espetro da aurora boreal imperfeita, com as cores turvas e torcidas, passível de apropriar na instrumentação complexa, ora vai de teclas ora lá se escuta uma série de sopros que, à primeira, diríamos que não batem certo por aqui. Qual quê. Charlie Hilton é um dos casos a pedir concertos privados em todos os lares. Se não se importarem, somos os primeiros da fila.