Espaço Schengen é economia e emprego


Serão poucas as vozes que até ao momento fizeram a devida avaliação económica e social, e as respetivas contas, do impacto positivo da existência do Espaço Schengen


“Ninguém quer acabar com Schengen, mas se é só um sistema para os dias bons, então não vai sobreviver.”

 Mark Rutte, primeiro-ministro da Holanda

Nos últimos meses têm sido muitas as vozes a clamar medidas para, na prática, acabar com o Espaço Schengen. Umas mais ruidosas e outras nem tanto, diabolizando a livre circulação dentro do espaço europeu e exigindo, na prática, o regresso da Europa das fronteiras. Regresso das fronteiras físicas (terrestres, aéreas e portuárias) e, como consequência das mesmas, regresso das fronteiras psicológicas, de sangue, culturais, sociais e económicas.

O pretexto (que agora dá jeito porque, para alguns, outros pretextos serviriam também) é a crise de refugiados, o terrorismo e a invasão pelo islão. Tudo tem servido para mudar o paradigma dos fundamentos da existência do espaço Schengen. Infelizmente, de forma generalista e irresponsável.

E a este propósito, não concordo com nada disto. Repudio e até considero, sobretudo para um país como Portugal, um erro de avaliação com consequências negativas para todos nós, portugueses. E, infelizmente, considero cada vez mais que em discussões desta natureza, em que a demagogia e a estupidez campeiam, os argumentos racionais de contraditório já pouco conseguem fazer junto de vozes ignorantes e de má fé. E daí que nada melhor do que recorrermos a exemplos práticos. E nesse particular, imaginem o caso português. Até porque considero que Portugal é dos países-membros da União Europeia que mais têm ganho com a existência do Espaço Schengen e será dos países que mais perderão com a sua morte. No caso português, alguém está a imaginar o que significará serem repostas todas as fronteiras? E regressarmos às fronteiras terrestres? Com fiscalização permanente de pessoas e bens? Com taxas e afins a serem pagas para passagem? Isto nas fronteiras terrestres. E nas aéreas? E nas portuárias? E o impacto disso na unidade tempo? E nos custos financeiros? Imaginamos o custo económico para as empresas que exportam e para as empresas que importam produtos, com consequências negativíssimas na atividade económica? E na criação e manutenção de emprego nas empresas? E na contratação de portugueses noutros países do espaço europeu? Ainda por cima para um país como Portugal, na periferia não só política e económica, mas também geográfica de toda a Europa. As suas vulnerabilidades são maiores, com as empresas e os produtos portugueses a perderem atratividade e competitividade.

Sou de opinião que serão poucas as vozes que até ao momento fizeram a devida avaliação económica e social, e as respetivas contas, do impacto positivo da existência do Espaço Schengen para Portugal e para os portugueses e para as empresas, a economia e o emprego portugueses. É que o nosso país, como todos os países e povos do projeto europeu, é beneficiário líquido, a vários títulos, da existência do Espaço Schengen. Abdicar dele será uma catástrofe. Daí que só reste uma solução. Lutar por ele. E nesse sentido, o governo português deve fazê-lo. E até direi mais: que não lhe doam as mãos e não lhe faltem palavras para o fazer. Os superiores interesses de Portugal e dos portugueses assim o exigem. Porque Schengen é economia e emprego. Muito mais isso do que segurança e obsessão securitária. Muitos dos que são contra Schengen são os eurocéticos de sempre e os diabolizadores de uma Europa unida enquanto projeto político, cultural, económico e social. E a mim não me enganam. E é lamentável que a pretexto do terrorismo e dos refugiados e asilados económicos e sociais se procure matar um dos pilares fundamentais do projeto europeu. Quase que apetece perguntar se não foi com esse intuito que apoiaram os falcões militares ocidentais para propositadamente desestruturarem vários países do Médio Oriente, hoje grandes emissores de refugiados e asilados para a Europa. Ainda por cima, uma Europa a minguar demograficamente e a precisar de pessoas como de pão para a boca, para sustentar o seu gordíssimo Estado social. É que, goste-se ou não de ouvir, nós, europeus, continuamos a ter hábitos de vida de ricos e hábitos de trabalho de pobres – isto em comparação com o resto do mundo.

Escreve à segunda-feira

Espaço Schengen é economia e emprego


Serão poucas as vozes que até ao momento fizeram a devida avaliação económica e social, e as respetivas contas, do impacto positivo da existência do Espaço Schengen


“Ninguém quer acabar com Schengen, mas se é só um sistema para os dias bons, então não vai sobreviver.”

 Mark Rutte, primeiro-ministro da Holanda

Nos últimos meses têm sido muitas as vozes a clamar medidas para, na prática, acabar com o Espaço Schengen. Umas mais ruidosas e outras nem tanto, diabolizando a livre circulação dentro do espaço europeu e exigindo, na prática, o regresso da Europa das fronteiras. Regresso das fronteiras físicas (terrestres, aéreas e portuárias) e, como consequência das mesmas, regresso das fronteiras psicológicas, de sangue, culturais, sociais e económicas.

O pretexto (que agora dá jeito porque, para alguns, outros pretextos serviriam também) é a crise de refugiados, o terrorismo e a invasão pelo islão. Tudo tem servido para mudar o paradigma dos fundamentos da existência do espaço Schengen. Infelizmente, de forma generalista e irresponsável.

E a este propósito, não concordo com nada disto. Repudio e até considero, sobretudo para um país como Portugal, um erro de avaliação com consequências negativas para todos nós, portugueses. E, infelizmente, considero cada vez mais que em discussões desta natureza, em que a demagogia e a estupidez campeiam, os argumentos racionais de contraditório já pouco conseguem fazer junto de vozes ignorantes e de má fé. E daí que nada melhor do que recorrermos a exemplos práticos. E nesse particular, imaginem o caso português. Até porque considero que Portugal é dos países-membros da União Europeia que mais têm ganho com a existência do Espaço Schengen e será dos países que mais perderão com a sua morte. No caso português, alguém está a imaginar o que significará serem repostas todas as fronteiras? E regressarmos às fronteiras terrestres? Com fiscalização permanente de pessoas e bens? Com taxas e afins a serem pagas para passagem? Isto nas fronteiras terrestres. E nas aéreas? E nas portuárias? E o impacto disso na unidade tempo? E nos custos financeiros? Imaginamos o custo económico para as empresas que exportam e para as empresas que importam produtos, com consequências negativíssimas na atividade económica? E na criação e manutenção de emprego nas empresas? E na contratação de portugueses noutros países do espaço europeu? Ainda por cima para um país como Portugal, na periferia não só política e económica, mas também geográfica de toda a Europa. As suas vulnerabilidades são maiores, com as empresas e os produtos portugueses a perderem atratividade e competitividade.

Sou de opinião que serão poucas as vozes que até ao momento fizeram a devida avaliação económica e social, e as respetivas contas, do impacto positivo da existência do Espaço Schengen para Portugal e para os portugueses e para as empresas, a economia e o emprego portugueses. É que o nosso país, como todos os países e povos do projeto europeu, é beneficiário líquido, a vários títulos, da existência do Espaço Schengen. Abdicar dele será uma catástrofe. Daí que só reste uma solução. Lutar por ele. E nesse sentido, o governo português deve fazê-lo. E até direi mais: que não lhe doam as mãos e não lhe faltem palavras para o fazer. Os superiores interesses de Portugal e dos portugueses assim o exigem. Porque Schengen é economia e emprego. Muito mais isso do que segurança e obsessão securitária. Muitos dos que são contra Schengen são os eurocéticos de sempre e os diabolizadores de uma Europa unida enquanto projeto político, cultural, económico e social. E a mim não me enganam. E é lamentável que a pretexto do terrorismo e dos refugiados e asilados económicos e sociais se procure matar um dos pilares fundamentais do projeto europeu. Quase que apetece perguntar se não foi com esse intuito que apoiaram os falcões militares ocidentais para propositadamente desestruturarem vários países do Médio Oriente, hoje grandes emissores de refugiados e asilados para a Europa. Ainda por cima, uma Europa a minguar demograficamente e a precisar de pessoas como de pão para a boca, para sustentar o seu gordíssimo Estado social. É que, goste-se ou não de ouvir, nós, europeus, continuamos a ter hábitos de vida de ricos e hábitos de trabalho de pobres – isto em comparação com o resto do mundo.

Escreve à segunda-feira