Melo Melo: “Não tenho Assunção Cristas como adversária”

Melo Melo: “Não tenho Assunção Cristas como adversária”


Eurodeputado só anuncia amanhã ao meio-dia, na sede do CDS, se é ou não candidato à sucessão de Paulo Portas 


Nuno Melo não abre o jogo sobre se é ou não candidato à liderança do CDS. Em entrevista esta noite à 3, o centrista admitu que amanhã de amanhã (antes do anúncio) terá uma conversa com Assunção Cristas, ex-ministra da Agricultura que, como avançou o i, está pronta para entrar na corrida à sucessão de Paulo Portas e que essa mesma conversa será determinante para a decisão que vier anunciar. Melo garante que se decidir não avançar, os apoios (muitos) das distritais que já se pronunciaram favoráveis à sua candidatura serão transferidas para outro candidato, que pode ser Cristas.  

Numa entrevista aguardada com algum expectativa, não obstante ao início da noite ficar-se a saber que a decisão não seria anunciada no canal de informação da RTP mas sim amanhã à hora do almoço, o eurodeputado lembrou o seu percurso no CDS, sublinhou o fato de ter feito "toda a escadaria" no partido frisando o fato de não ter entrado pela "mão de ninguém", no que pode ser lido como uma farpa para Cristas, que chegou ao CDS pelas mãos de Paulo Portas. 

O eurodeputado admitiu que durante os últimos dias falou várias vezez com a ex-ministra e com outras pessoas do partido. Mas porque a ponderação que se impõe fazer antes de qualquer avanço não é apenas política, Nuno Melo sublinhou o fato desta ser um "ato de vontade e uma decisão solitária" mas para a qual é convocada a família. 

Mas não se pense que o partido está dividido. Pelo menos é esta a mensagem que Nuno Melo quis deixar esta noite na entrevista ao canal público. O centrista frisou que não tem Assunção Cristas como adversária e adiantou que conta com a ex-ministra, se avançar e se for eleito líder do CDS. "Se fosse presidente do partido obviamente que queria ter Cristas do meu lado porque é alguém que tem dado muito e terá muito a dar", afirmou, já depois de lembrar que uma das heranças de Portas é precisamente a capacidade que o ainda líder teve de unir as várias tendências que se formaram e formavam dentro do próprio partido. 

Já no final da entrevista, Melo admitiu ainda desconhecer (outro, além da conversa que terá amanhã com Cristas) uma elemento que é fundamental para resolver a sua equação antes de anunciar o que quer que seja. É que para o centrista foi o último da lista de Braga do CDS nas legislativas de 4 de Outubro. Para ocupar uma candeira na Assembleia da República teria de ver um dos eleitos por aquele distrito renunciar ao mandato: Telmo Correia ou Vânia Dias da Silva.

O eurodeputado lembrou que tanto um como outro deputado são donos dos seus mandatos. E ainda não sabe qual deles estaria disposto a renunciar. Se é que existe essa disponibilidade. Uma coisa é certa: Nuno Melo entende que o próximo líder do CDS tem de enfrentar o primeiro-ministro a partir da primeira fila do Parlamento e não a partir de Bruxelas, como fez Ribeiro e Castro quando esteve à frente do CDS entre 1995 e 1997 e que era então eurodeputado. "As minhas opiniões não variam em função das circunstâncias", garantiu Nuno Melo, uma dos criticos de primeira linha da decisão de Ribeiro e Castro de liderar o partido sedeado no Largo do Caldas a partir da Bélgica.