O novo do ano


O ano começou previsível, cinzento, invernoso, com chuvinha constante, o cenário ideal para o bom e temperado recato caseiro, de leituras e releituras diversas, entre livros, fitas, música, sabores e afetos, que tão bem preencheram esta auspiciosa coincidência de duas semanas seguidas com fins de semana de quatro dias.


Deu para tudo, foi um fartote, e sinceramente, depois daquilo por que os portugueses têm passado, julgo que todos merecíamos e precisávamos desta pausa como de pão para a boca. Para podermos acreditar por breves dias que também somos donos do nosso tempo e podemos parar para pensar, baixar o tom do ruído e centrar melhor o que ouvimos, para poder revisitar o que é sempre visitável, para incluir e excluir, entrar e sair sem olhar para o relógio, e enfim, comungando dessa não menos augusta ambição, a de podermos reencontrar o bom e saudável sono dos justos. E soube muito bem.

Voltámos então à vida real, mais distendidos e com o suave perfume desta breve reciclagem. A visão está menos turva, mais luminosa, e com melhor definição dos pormenores. Há até mais serenidade emocional, o que dá mais abertura ao contraditório, condição essencial para que haja mais soluções e menos problemas. Existe portanto uma aura positiva que pode abrir caminho e melhorar o rumo, também na política e na sociedade. São já menos os que persistem naquele neurótico e inconsequente nervosismo do outono que passou. Os portugueses aproveitaram a trégua festiva, dormiram muito bem sobre o assunto, e acordaram mais bem-dispostos. O ano é novo por isso mesmo. E segue.

Escreve à terça-feira  


O novo do ano


O ano começou previsível, cinzento, invernoso, com chuvinha constante, o cenário ideal para o bom e temperado recato caseiro, de leituras e releituras diversas, entre livros, fitas, música, sabores e afetos, que tão bem preencheram esta auspiciosa coincidência de duas semanas seguidas com fins de semana de quatro dias.


Deu para tudo, foi um fartote, e sinceramente, depois daquilo por que os portugueses têm passado, julgo que todos merecíamos e precisávamos desta pausa como de pão para a boca. Para podermos acreditar por breves dias que também somos donos do nosso tempo e podemos parar para pensar, baixar o tom do ruído e centrar melhor o que ouvimos, para poder revisitar o que é sempre visitável, para incluir e excluir, entrar e sair sem olhar para o relógio, e enfim, comungando dessa não menos augusta ambição, a de podermos reencontrar o bom e saudável sono dos justos. E soube muito bem.

Voltámos então à vida real, mais distendidos e com o suave perfume desta breve reciclagem. A visão está menos turva, mais luminosa, e com melhor definição dos pormenores. Há até mais serenidade emocional, o que dá mais abertura ao contraditório, condição essencial para que haja mais soluções e menos problemas. Existe portanto uma aura positiva que pode abrir caminho e melhorar o rumo, também na política e na sociedade. São já menos os que persistem naquele neurótico e inconsequente nervosismo do outono que passou. Os portugueses aproveitaram a trégua festiva, dormiram muito bem sobre o assunto, e acordaram mais bem-dispostos. O ano é novo por isso mesmo. E segue.

Escreve à terça-feira