A amiga imaginária de Isabel Moreira


A única coisa que não pode ser fascista é a amiga imaginária da deputada. Pena que a amiga – a esquerda “plural” – e os fascistas tenham tanto em comum. Odeiam a democracia


O prof. Centeno tem um amigo imaginário, algo romântico e há pouco tempo adquirido: o seu programa económico.

A dra. Isabel Moreira também possui uma amiga imaginária.

Em dezembro escrevia no “Público”: “Celebrarmos juntos (…) é também uma manifestação de (…) defender os valores democráticos, a Constituição da República e os direitos de uma vida digna para todos os portugueses e, até, uma visão europeísta mas simultaneamente crítica.” O artigo intitulava-se “Juntos, na esquerda plural”.

Isso não existe. A imposição de igualdade contribui para a formatação social e para a uniformização económica. A concessão de oportunidades contribui para a meritocracia e para a prosperidade. É a diferença entre um comunista e um social-democrata – aqui, a parte “democrata” conta bastante.

A imposição de igualdade, além de atacar as liberdades, não pode favorecer uma sociedade diversa. Alguma esquerda consegue respeitar a moderação e a livre iniciativa, mas esta nunca será plural. Pensá-lo é utópico e demagógico.

Nos anos 70, Cunhal jurava que não haveria Assembleia. Num comunicado recente, Jerónimo incentiva ao desprezo pelas eleições venezuelanas. A promiscuidade entre partidos e sindicatos que se tem visto é apenas mais um atentado à legítima representação do cidadão.

Deste modo, o desgoverno de todos rapidamente se converte no governo de um só. Foi assim com Lenine, com Robespierre, com Fidel, e foi assim na Venezuela. Um governo sem limites jamais conduz a um Estado democrático. Antes pelo contrário.

Apresento-lhe então a amiga imaginária de Isabel Moreira: a “esquerda plural” e os seus valores “democráticos”.

Não é uma resposta à “radicalização da direita”; é o desespero de existir direita, da falência do centro-esquerda e de alguém ficar desempregado se não for primeiro–ministro.

Costa convidou 13 homens para um executivo de 17 ministros e ainda dizem que o centro-direita é retrógrado? A primeira líder de bancada foi na direita, a primeira presidente de partido foi na direita e o único deputado negro está na direita.

Porém, todos os que não concordarem com Isabel Moreira (e com a sua amiga) serão fascistas e radicais.

Quando se encomenda num restaurante e o nosso prato chega antes do dela, somos fascistas. Quando chove e a deputada se esquece do guarda-chuva, somos fascistas. Quando a pele de António Costa é aclarada nos cartazes, se repararmos, somos fascistas.

A insistência no debate maniqueísta é um sintoma do foro autoritário.

Pergunto-lhe: quem disse que “o Estado deve modular o comportamento do cidadão”? Não, caríssimo leitor, não foi Salazar. Foi Isabel Moreira, em 2015. A parlamentar incapaz de comemorar o 25 de Novembro, o fim do PREC e o início do período constitucional que tanto louva (quando lhe dá jeito).

Às vezes, indago-me se a única coisa que não pode ser fascista é a amiga imaginária da deputada. Pena que a amiga – a esquerda “plural” – e os fascistas tenham tanto em comum. Odeiam a democracia.

Veja-se também a enorme diferença entre ser contra a Europa e ser cético sobre a União. O historial socialista não integra nenhuma dessas leituras. Dizia-se europeísta. Tal não converte a extrema-esquerda em adeptos de Bruxelas.

Se Mário Soares não andasse ocupado a fugir de um acidente rodoviário, era homem para se rir deste delírio.


A amiga imaginária de Isabel Moreira


A única coisa que não pode ser fascista é a amiga imaginária da deputada. Pena que a amiga – a esquerda “plural” – e os fascistas tenham tanto em comum. Odeiam a democracia


O prof. Centeno tem um amigo imaginário, algo romântico e há pouco tempo adquirido: o seu programa económico.

A dra. Isabel Moreira também possui uma amiga imaginária.

Em dezembro escrevia no “Público”: “Celebrarmos juntos (…) é também uma manifestação de (…) defender os valores democráticos, a Constituição da República e os direitos de uma vida digna para todos os portugueses e, até, uma visão europeísta mas simultaneamente crítica.” O artigo intitulava-se “Juntos, na esquerda plural”.

Isso não existe. A imposição de igualdade contribui para a formatação social e para a uniformização económica. A concessão de oportunidades contribui para a meritocracia e para a prosperidade. É a diferença entre um comunista e um social-democrata – aqui, a parte “democrata” conta bastante.

A imposição de igualdade, além de atacar as liberdades, não pode favorecer uma sociedade diversa. Alguma esquerda consegue respeitar a moderação e a livre iniciativa, mas esta nunca será plural. Pensá-lo é utópico e demagógico.

Nos anos 70, Cunhal jurava que não haveria Assembleia. Num comunicado recente, Jerónimo incentiva ao desprezo pelas eleições venezuelanas. A promiscuidade entre partidos e sindicatos que se tem visto é apenas mais um atentado à legítima representação do cidadão.

Deste modo, o desgoverno de todos rapidamente se converte no governo de um só. Foi assim com Lenine, com Robespierre, com Fidel, e foi assim na Venezuela. Um governo sem limites jamais conduz a um Estado democrático. Antes pelo contrário.

Apresento-lhe então a amiga imaginária de Isabel Moreira: a “esquerda plural” e os seus valores “democráticos”.

Não é uma resposta à “radicalização da direita”; é o desespero de existir direita, da falência do centro-esquerda e de alguém ficar desempregado se não for primeiro–ministro.

Costa convidou 13 homens para um executivo de 17 ministros e ainda dizem que o centro-direita é retrógrado? A primeira líder de bancada foi na direita, a primeira presidente de partido foi na direita e o único deputado negro está na direita.

Porém, todos os que não concordarem com Isabel Moreira (e com a sua amiga) serão fascistas e radicais.

Quando se encomenda num restaurante e o nosso prato chega antes do dela, somos fascistas. Quando chove e a deputada se esquece do guarda-chuva, somos fascistas. Quando a pele de António Costa é aclarada nos cartazes, se repararmos, somos fascistas.

A insistência no debate maniqueísta é um sintoma do foro autoritário.

Pergunto-lhe: quem disse que “o Estado deve modular o comportamento do cidadão”? Não, caríssimo leitor, não foi Salazar. Foi Isabel Moreira, em 2015. A parlamentar incapaz de comemorar o 25 de Novembro, o fim do PREC e o início do período constitucional que tanto louva (quando lhe dá jeito).

Às vezes, indago-me se a única coisa que não pode ser fascista é a amiga imaginária da deputada. Pena que a amiga – a esquerda “plural” – e os fascistas tenham tanto em comum. Odeiam a democracia.

Veja-se também a enorme diferença entre ser contra a Europa e ser cético sobre a União. O historial socialista não integra nenhuma dessas leituras. Dizia-se europeísta. Tal não converte a extrema-esquerda em adeptos de Bruxelas.

Se Mário Soares não andasse ocupado a fugir de um acidente rodoviário, era homem para se rir deste delírio.