À primeira vista, o mais impopular presidente da V República francesa foi um dos derrotados da noite de domingo, pois o Partido Socialista não só perdeu a esmagadora maioria regional conquistada em 2010 como acabou sem ser a força mais votada.
Mas uma análise fria dos números mostra outro cenário para François Hollande. Excluindo das contas finais as três regiões onde o PS retirou o seu candidato para assumir a prioridade de manter a extrema-direita afastada do poder, o partido acaba por ser a formação com mais votos nacionais – dos 41% vs. 31,2% oficiais a favor do centro-direita, passaria para uma vantagem socialista de 37,9% vs. 37,7%. Uma margem mínima suficiente para deixar uma dúvida impensável há poucas semanas: quem estará mais apto para bater Le Pen numa provável segunda volta em 2017? Além de mostrar que tem força eleitoral para conseguir bater a FN, Hollande ganhou vantagem moral face ao seu principal rival ao abdicar dos seus candidatos enquanto Sarkozy se mostrava indisponível para fazer o mesmo noutras regiões.
Mas para repetir essa batalha com o antecessor – ou outro republicano –, Hollande precisa de garantir que voltará a ter o apoio socialista para a recandidatura presidencial.
E também aí teve boas notícias: os Verdes, que há cerca de um ano abandonaram o governo em desacordo com a política laboral do primeiro-ministro Manuel Valls, somaram derrotas inesperadas nestas regionais, legitimando à esquerda a estratégia do governo.
Dados que podem retirar força às potenciais candidaturas rivais nas primárias socialistas, entre as quais se destacam as do ex-ministro da Economia Arnaud Montebourg e a de Martine Aubry, que já defrontou Hollande em 2012. N.E.L.