Os gatos têm sete vidas. Os Bloc Party têm duas

Os gatos têm sete vidas. Os Bloc Party têm duas


A banda inglesa de Kele Okereke volta a Portugal para actuar no segundo dia do Super Bock Super Rock. Vão trazer “Hymns”, novo disco que editam em Janeiro. 


Tiremos a máquina do tempo do bolso que a viagem ao passado que se segue assim o exige. 18 de Maio de 2007, Coliseu dos Recreios, Rua das Portas de Santo Antão, Lisboa. Desculpe-nos o telegrama mas há que seguir à risca todos os mandamentos da nossa máquina do tempo, para que não nos troque as voltas e acordemos na Idade Média.

Nesse tal dia, os Bloc Party faziam a sua estreia em Portugal, carregavam “Silent Alarm” – incrível disco de estreia editado em 2005 –, objecto que muitos portugueses exasperavam por poder consumir. Mais: tinham acabado de lançar “A Weekend in the City”, que, para muitos fanáticos dos britânicos, foi o início do fim. Ainda assim, nada feito. O concerto foi memorável, daqueles que correm redes sociais de tanta loucura que provocaram, daqueles que fazem chorar quem não conseguiu bilhete ou simplesmente tinha outras obrigações no dia. Parecia não haver fundo no poço de glória do conjunto liderado por Kele Okereke. Mas isto foi em 2007.

Veio a típica borradela da pintura – neste género de banda com demasiados génios criativos à solta é o que acaba por acontecer, volta não volta – com “Intimacy” (2008). Tempo de mudança, críticas que abanaram a formação, quatro anos sem editarem um único disco que serviram para Okereke se dedicar a projectos a solo. Para isso e para se iniciar o desalento, coisa que se viria a confirmar em “Four” (2012), quarto álbum que esclareceu que os quatro amigos estavam perdidos, em conflito interior e com o mundo. Em 2013, Matt Tong, um dos membros responsáveis pela sonoridade distinta que os Bloc Party nos deram a conhecer em “Silent Alarm”, decidiu retirar-se da banda. O brilhante chinês da bateria lá foi. Seguiu-se, já este ano, Gordon Moakes.

No sentido inverso vieram Justin Harris e Louise Bartle. Até agora, é difícil avaliar no que vai resultar esta mudança, mas esfreguemos as mãos e esperemos por 29 de Janeiro de 2016, altura em que é editado “Hymns”, o seu quinto disco. E o melhor disto tudo é que vamos poder ouvi-lo em Janeiro e decidir se gostamos ou não o suficiente destes novos Bloc Party a ponto de ir ao Super Bock Super Rock testemunhar tudo.

Já se sabe que têm honras de palco principal que, nesta nova versão urbana do festival, quer dizer Meo Arena. Vamos voltar a ter a oportunidade de ver Bloc Party em sala, com uma acústica que se espera digna. Talvez possamos regressar ao Coliseu dos Recreios e ao tal ano de 2007. E que seja um “Banquet”.