O ex-ministro das Finanças de José Sócrates, Luís Campos e Cunha, é o mandatário nacional da candidatura de Henrique Neto à presidência da República. O militante socialista, que foi o primeiro a lançar a candidatura a Belém sem ter nenhuma figura conhecida ao seu lado, conseguiu reunir o apoio de figuras como João Salgueiro, Daniel Bessa, Medina Carreira ou Mira Amaral, ex-ministros com responsabilidades nas finanças e economia em governos do PS e do PSD.
O empresário apresentou ontem a comissão de honra e uma das novidades, avançou o candidato ao i, é o nome de Nuno Crato, ex-ministro da Educação de Passos Coelho. Henrique Gomes, ex-secretário de Estado da Energia, é outro dos nomes do governo PSD/CDS que pertence à comissão de honra.
O ex-líder e ex-deputado do CDS, que não seguiu a recomendação de Paulo Portas para apoiar Marcelo Rebelo de Sousa, também está entre os notáveis que apoiam o socialista. “A comissão de honra vai desde a esquerda à direita”, diz ao i Henrique Neto, garantindo que uma das características dos seus apoiantes é terem tido “uma grande independência no passado” e não se identificarem com “a política destruidora da economia e da sociedade”.
É o caso, garante o candidato presidencial, do mandatário nacional Luís Campos e Cunha, que foi ministro das Finanças de José Sócrates, mas cedo entrou em ruptura com o PS por discordar da linha seguida pelo governo socialista. Campos e Cunha discordava, por exemplo, da aposta do governo em grandes obras públicas, como o novo aeroporto da Ota e o TGV e foi um artigo de opinião em que expressava esse sentimento que levou à sua saída do governo
Críticos de Sócrates
Campos e Cunha, que foi também vice governador do Banco de Portugal, tornou-se num dos principais críticos da política de Sócrates e esteve ao lado de Henrique neto no lançamento do manifesto “Por uma democracia de qualidade” em defesa de uma reforma do sistema eleitoral. O candidato foi um dos militantes socialistas mais críticos dos governos de Sócrates, tendo mesmo afirmado ao i, quando o ex-primeiro-ministro foi preso, que “há anos que esperava que isso acontecesse”, porque “os indícios eram mais que muitos”.
“Marcelo tem fragilidades”
Henrique Neto defendeu, na iniciativa destinada a apresentar os mandatários, que as presidenciais “podem ser o princípio das grandes mudanças na democratização e no progresso de Portugal”, desde que o próximo presidente não seja um “alimentador das disputas partidárias”.
Ao i, o candidato garante que a vantagem de Marcelo Rebelo de Sousa não é sinónimo de vitória à primeira volta no dia 24 de Janeiro. “Marcelo tem muitas fragilidades. Tem uma personalidade um pouco infantil. Ainda vai ter de pedalar muito”. Henrique Neto foi o primeiro a apresentar a candidatura a Belém e não conta com o apoio de nenhum partido.