Presidenciais. Haverá muito pouco de Passos e Portas na campanha de Marcelo

Presidenciais. Haverá muito pouco de Passos e Portas na campanha de Marcelo


PSD e CDS anunciam hoje o apoio formal à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República, mas vai haver muito pouco de Passos e Portas na campanha do professor. “A participação vai ser mínima”, assume ao i uma fonte próxima de Marcelo, explicando que a ideia é fazer uma campanha “sem grandes…


Apoio discreto

Marcelo sabe que para ganhar à primeira volta precisa de conquistar ao máximo eleitorado que tipicamente não vota nem no PSD nem no CDS. Tem apostado, por isso, num discurso ao centro e vai também por isso recorrer muito pouco às estruturas partidárias de sociais-democratas e centristas para fazer campanha eleitoral.

Não o fará, pelo menos, de forma muito visível e oficial, já que informalmente são vários os militantes e estruturas distritais do PSD que se têm envolvido na recolha de assinaturas e poderão ter também um papel importante na organização de eventos de campanha.

Para já, de resto, o antigo comentador da TVI tem feito o que o próprio descreve como “uma campanha diferente, muito diferente mesmo”. Sem grandes números mediáticos e apostando na proximidade.

Marcelo, que garantiu esta semana em entrevista à SIC, querer ficar “a séculos-luz dos dispêndios registados noutras campanhas”, tem feito questão de pagar do seu bolso todas as acções e tem recusado donativos de empresas e instituições.

Confiante no capital de notoriedade de 15 anos como comentador televisivo, Rebelo de Sousa vai dispensar os cartazes e fazer uma campanha mais discreta e modesta do que o habitual. O objectivo desta campanha ‘low cost’ é também o de garantir o mínimo de colagem possível ao PSD e ao CDS, uma atitude que tem causado estranheza no aparelho destes partidos. “Vamos ver até quando é que consegue fazer tudo como one man show. Por agora é fácil, mas quando em Janeiro precisar de cobrir o país de norte a sul vai precisar de gente no terreno”, comenta uma fonte da direcção do PSD.

Discurso ao centro

O discurso do candidato, feito a pensar em conquistar eleitorado mais à esquerda, também não tem sido entendido de forma unânime no PSD e no CDS.

“Quanto mais ouço o Professor Marcelo mais claro tenho em quem não vou votar”, escrevia esta semana no Facebook, Carlos Sá Carneiro, antigo assessor de Passos Coelho em São Bento. Foi dos poucos que assumiram publicamente o desconforto, mas não está sozinho.

Durante a crise política que levou à indigitação de António Costa como primeiro-ministro foi visível no PSD e no CDS o desconforto com a atitude distanciada de um candidato que nunca quis assumir as dores da direita e que recusou fazer das presidenciais “uma segunda volta das legislativas” – como o próprio fez questão de frisar. Mais a frio, as direções de PSD e CDS desvalorizam agora o impacto do discurso ao centro de Marcelo. Mais: sociais-democratas e centristas vêm na atitude do candidato uma “tática” eleitoral que pode até servir os interesses da direita.

“É a guerra ao centro. É normal. Está a tentar ganhar à primeira volta”, defende um membro da direção do CDS, que acredita que o discurso de Marcelo não será o suficiente para o fazer perder votos no eleitorado social-democrata e centrista. “O centro-direita não tem alternativa ao Marcelo. Não há outro candidato. Não vai certamente optar por Maria de Belém ou Nóvoa”, sublinha a mesma fonte, explicando que essa falta de alternativa dá margem a Rebelo de Sousa para fazer um discurso um pouco mais à esquerda.

“O Marcelo da entrevista à SIC é o Marcelo como o conhecemos. O presidente protagonista que quererá ser… O governo durará o tempo que lhe convier… basicamente é isso”, comenta um deputado social democrata, convencido que o discurso sobre a vontade de que o governo de Costa “dê certo” não lhe retirará qualquer margem de manobra em Belém. “Quanto mais disser que o governo deve durar mais espaço ganha para o demitir”, comenta o social-democrata, admitindo que “a maioria no PSD e CDS está irritada” com a atitude do candidato, mas que uma análise “mais distanciada” permite perceber que este é o discurso mais eficaz para eleger o candidato do centro-direita.