Fico profundamente irritado quando me trocam as voltas. Não vos acontece? Quando têm tudo planeado, a bater certo ao milímetro e de repente… Um pequeno desvio e lá fica tudo virado do avesso. Não é novidade, acontece-me várias vezes no meu dia-a-dia profissional. Mas a habituação não elimina a irritação. Desta feita foi com este artigo. Sim, o artigo de hoje. Preparado com calma, versava sobre a primeira semana do novo governo e do novo PS. Havia tanto para falar, desde a capa da revista cor-de-rosa até aos primeiros avisos do PCP e da CGTP.
Mas não! A notícia do fecho da Newshold trocou-me as voltas. E às voltas ficou o meu estômago com o despedimento de 2/3 dos seus funcionários.
Esta foi a minha primeira experiência a publicar algo periodicamente (chamo-lhe algo porque a minha qualidade literária não é comparável com a dos restantes cronistas do i) e deu-me um gozo sublime. Saber que alguém desse lado lê o que eu deste lado enviava é algo que não me é, de todo, indiferente. Fosse um ou mil leitores, a sensação de que a nossa opinião conta e, presunção minha, agrada a algumas pessoas não tem preço.
Ao longo deste ano em que tive o privilégio de partilhar o que me ia na alma (e foram vários os sentimentos e sempre tive a liberdade de escrever o que efetivamente me apetecia) fiz novas amizades, reforcei outras ou reencontrei antigas.
Pessoas com quem interagi e que nunca vi (e possivelmente nunca verei) tornaram-se assíduas nas minhas sextas-feiras à hora do envio das crónicas. Ao meu “junto envio” vinha sempre um “muito obrigado” de resposta.
– Obrigado eu!
Obrigado à Maria Abreu, à Ana Kotowicz, à Kátia Catulo, à Ana Caseiro, à Ana Lopes e a todos os profissionais do i que, de alguma forma, contribuíram para a minha satisfação pessoal de ter um texto publicado.
Esta é a única forma que tenho para prestar homenagem aos profissionais do i com quem, permitam-me o abuso, tive a honra de trabalhar.A vida continua e estou certo que ultrapassarão esta crise. Não faço ideia se continuará a haver crónica ou não. Mas o prazer e a satisfação deste último ano já ninguém me tira.
Uma última palavra ao Luís Osório, pessoa que muito admiro e que tenho o privilégio de chamar amigo. É uma daquelas pessoas invulgarmente e genuinamente simpáticas e que (acredites ou não Luís) quase sempre estive na minha mente quando escrevia as minhas crónicas. És, e continuarás a ser, uma referência para mim!
A todos vós no i, um grande bem-haja.
Escreve ao sábado