O Porto tem um novo museu. Em Massarelos, mesmo em frente ao rio e com um acervo raríssimo, que faz as delícias dos indígenas e dos turistas. As obras de arte aqui são carros eléctricos. Recomenda-se.
Na verdade, não se trata de um museu em sentido clássico, e também não é exactamente novo. O Museu do Carro Eléctrico, encerrado há mais de três anos por não oferecer totais condições de segurança quer aos visitantes quer ao seu espólio, reabriu portas na semana passada. Restaurado e ampliado, com um novo chão e um novo tecto. Ter sido possível reunir condições, em plena crise orçamental, para reabilitar o espaço centenário da antiga Central Termoeléctrica da STCP, onde se produzia a energia para alimentar os eléctricos, é obra. Devolver à cidade, aos turistas e aos fanáticos dos transportes sobre carris uma colecção histórica, praticamente única em todo o mundo, é maravilhoso.
Tendo sido das primeiras cidades da Europa a oferecer transporte público em eléctricos, desde o século xix e da antiga Companhia de Carris de Ferro do Porto, a cidade orgulha-se de manter ainda três linhas em funcionamento – uma delas, a 1, com uma fantástica vista pela marginal do Douro –, e de preservar quase três dezenas de exemplares. Do velhinho carro americano, ainda do tempo da tracção animal, que trazia e levava as pessoas para a “povoação” da Foz, aos mais confortáveis e sofisticados “pipis” dos anos 40. E todos em em plenas condições para circular.
Os eléctricos do Porto, além de serem parte da identidade da cidade, ainda hoje transportam perto de meio milhão de passageiros por ano, na sua maioria turistas. O regresso do Museu do Carro Eléctrico é por isso uma espécie de regresso ao futuro. Sobre carris. Da Batalha ao Carmo e da Ribeira até à Foz. E junto ao rio, claro.
Escreve à quinta-feira