Cavaco mantém dúvidas sobre governo de Costa e avisa que o pode demitir

Cavaco mantém dúvidas sobre governo de Costa e avisa que o pode demitir


O Presidente disse ainda que a responsabilidade deste governo está nas mãos dos partidos de esquerda 


Cavaco Silva deu hoje posse ao XXI Governo Constitucional, liderado por António Costa. Na sessão solene que decorreu esta tarde no Palácio da Ajuda, o Presidente da Reública prometeu “lealdade institucional” ao novo governo, mas lembrou que não irá abdicar de nunhum dos seus poderes e que tudo fará para que o “país não se afaste da actual trajectória de crescimento económico e criação de emprego” e consiga preservar a credibilidade externa.  

Num discurso com menos páginas do que aquele que Cavaco proferiu na tomada de posse de Passos Coelho, há menos de um mês, o Presidente, em jeito de aviso, sublinhou que "apenas" o poder de dissolver a Assembleia da República e de  convocar novas eleições está “cerceado”. O mesmo é dizer que Cavaco, em Belém, vai continuar vigilante em relação aos diplomas que vão ser aprovados pela nova maioria parlamentar, que junta PS, BE, PCP e PEV, podendo vetá-los, e em última instância pode mesmo demtir o governo de António Costa. 

Cavaco lembrou que o novo governo "foi formado na sequência de uma crise política aberta pela rejeição do programa" de governo da coligação PSD/CDS, e frisou que o governo que hoje inicia funções resulta de uma "solução inédita na história da nossa democracia, suportada por uma maioria parlamentar que se comprometeu a não inviabilizar a entrada em funções de um novo executivo, o que confere às forças políticas envolvidas a responsabilidade pelo governo". 

E, mais uma vez, deu conta das dúvidas que ainda tem quanto à estabilidade da proposta apresentada por Costa e que o Presidente acabou por validar, quanto mais não seja porque não pode convocar eleições e está impedido de manter um governo em gestão quanto uma nova maioria parlamentar se formou para derrotar a coligação que vencer as eleições. "Quatro forças políticas assinaram três documentos de diferente alcance, designados 'posições conjuntas', com vista à apresentação de uma solução governativa alternativa", afirmou. 

"Os referidos documentos são omissos quanto a alguns pontos essencais à estabilidade política e à durabilidade do governo, suscitando questões que, apesar dos esforços, desenvolvidos, não foram dissipados", frisou o PR, para deixar mais um aviso, desta vez ao diálogo. "Sendo o governo minoritário, e não resultando inteiramente claro dos documentos assinados entre os partidos a garantia de durabilidade no horizonte temporal da legislatura, a tomada de posse e entrada em funçõs do novo executivo constitui uma prova para a capacidade de diálogo não só com as demais forças políticas mas também como os parceiros sociais e as instituições da sociedade civil", disse.