O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, admitiu esta quarta-feira que o registo dos nomes dos passageiros aéreos seja feito em voos dentro da Europa, numa intervenção sobre terrorismo, no Parlamento Europeu.
Em sessão plenária, em Estrasburgo, França, o governante adiantou que essa proposta “irá suscitar muitas dúvidas”, mas reafirmou a posição do executivo comunitário em avançar com um registo que não abranja apenas voos provenientes de países terceiros.
Na sua intervenção, Juncker sublinhou a necessidade de cooperação entre serviços secretos, lembrando que a ideia foi falada depois dos ataques do 11 de Setembro em Nova Iorque e que “nada disso aconteceu”.
No próximo mês, a Comissão irá propor um acordo sobre guardas de fronteiras marítimas, adiantou Juncker, que fez questão de afirmar perante os eurodeputados um “viva a França e a sua República”.
“Que também é a nossa”, garantiu o responsável, que, foi várias vezes aplaudido no seu discurso.
Recordando a cimeira com a Turquia no próximo domingo, em Bruxelas, sobre a crise dos refugiados, o líder da Comissão garantiu que “não se devem esquecer” outros países que “carregam também o fardo” [do terrorismo].
Na intervenção inicial desta sessão plenária, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, garantiu o apoio às mais recentes vítimas de terrorismo, os tunisinos, mas lembrou outros ataques sofridos em duas semanas, como Beirute, Paris e Bamako.
“É um combate que afecta todos e que será longo, vamos respeitar os valores democrática e a cooperação terá que se reforçada com os nossos parceiros”, disse aos eurodeputados.
Pela presidência rotativa da UE, o luxemburguês Nicolas Schmit recordou os compromissos assumidos na sexta-feira na reunião dos ministros da Administração Interna e da Justiça, em Bruxelas, acerca de “medidas operacionais”.
Na lista está nomeadamente o registo de passageiros, a par da protecção de dados, a revisão da diretiva sobre tráfico de armas, o reforço de fronteiras, o novo regulamento da INTERPOL e maior controlo dos pagamentos não bancários.
Nas bancadas dos grupos políticos ouviram-se palavras de condenação ao terrorismo, com Manfred Weber, líder do Partido Popular Europeu, a afirmar que o “problema não é o islão, são os terroristas”, enquanto o socialista Gianni Pittella sublinhou que quem compara refugiados a terroristas “é um abutre, inimigo da Europa”.
Pelos conservadores, Syed Kamall afirmou que o terrorismo “pode atacar e ferir, mas não quebrará a Europa” e Guy Verhofstadt, dos liberais, defendeu a criação de uma agência europeia de informação, porque o “terrorismo não tem fronteiras, mas a troca de informações ainda tem”.
Gabi Zimmer, pelo GUE, argumentou que não se devem repetir os erros do 11 de Setembro.
Lusa