Dérbi. Um, dois, três,  quatro, cinco, seis,  sete, oito: 5-3

Dérbi. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito: 5-3


Não há táctica, apenas alma na mais sensacional reviravolta de que há memória para chegar ao Jamor.


O cenário é alarmante: oSporting está em 3.o lugar do campeonato e o Benfica em 4.o, separados apenas por um ponto, ambos atrás de FC Porto e V. Guimarães. O dérbi da crise está marcado para quarta-feira, 16 de Abril de 2008. É o vai ou racha para um dos grandes. À sua espera, no Jamor, o FC Porto(3-0 no Bonfim, na véspera).
No fim-de-semana anterior, o Benfica, treinado por Chalana na sequência da saída extemporânea de Camacho havia um mês, perdera com expressivo 3-0 em casa com a Académica e está mais que ferido no orgulho. É preciso dar a volta e não há melhor palco que Alvalade. Com o argentino Di María em modo genial, oBenfica atormenta o Sporting. Ou melhor, Adrien. O jovem eleito por Paulo Bento para jogar à frente dos centrais é apanhado em constante contrapé e disso mesmo resulta o 1-0 de RuiCosta, numa combinação com Nuno Gomes (19’).

Sem atinar com a marcação a Di María, oSporting sofre a bom sofrer.Aos 31’, Rui Costa liberta Léo e o brasileiro cruza para o cabeceamento certeiro de Nuno Gomes. É o 2-0, resultado ao intervalo.

a palestra Paulo Bento deixa Adrien no balneário e chama Izmailov para a segunda parte. Aos 60’, Moutinho avisa Quim com uma bola à trave. Chalana percebe o rugir do leão e troca Di María por Sepsi.
Sim, o romeno substitui o argentino. Os adeptos benfiquistas entoam o nome de Di María uma e outra vez.De repente calam-se. Pudera, Vukcevic avança sobre Sepsi, troca-lhe as voltas e mete para Yannick, 2-1. Faltam 22 minutos para o fim.

A águia voa baixo, baixinho. O leão ruge alto, altíssimo.Derlei ao lado de Liedson sete meses depois, Yannick nas costas dos dois, Izmailov em modo vagabundo e Moutinho a mandar lá atrás. Pressão alta, altíssima. Às tantas, Moutinho dá para a área e Liedson atira de primeira, 2-2. Faltam 14 minutos para o fim. E o prolongamento paira no ar.Será?
Izmailov domina a bola e cruza para a entrada de rompante de Derlei: é o 3-2. Que festival,Alvalade em euforia. Será sol (chuva, aliás) de pouca dura. Aos 82’, Cristian Rodríguez aproveita uma bola solta na grande área e arrefece o ânimo dos sportinguista, 3-3. Prolongamento, sim ou não?

Faltam cinco minutos para o fim e não há vencedor anunciado. Tanto Sporting como Benfica jogam a alta velocidade, sem olhar à táctica. Só só só só alma, carisma, querer. Nada mais. A bola está no meio-campo do Benfica e Yannick pega--lhe meio sem jeito. Avança por ali fora e encontra a torre de Luisão. Pode fintá-lo ou passar para o lado. Não, dá um coice na bola e é vê-la entrar de forma caprichosa na baliza. Ilude Quim e toda a gente. É um golo folha seca. A bola sobe e desce repentinamente. Pois, embate no corpo de Luisão no início da viagem, 4-3.

Agora é que é, oSporting festeja à séria. Bola ao meio e Chalana mete Cardozo no lugar de Petit. O Benfica acredita, oSporting também. Vai daí, Vukcevic sela a dúvida com o 5-3 ao cair do pano. A festa é verde e branca e iria ter um novo capítulo no Jamor, culpa de Tiuí (2-0 ao FC Porto, após prolongamento). Perguntam a Bento o motivo da cambalhota. “Ao intervalo fizemos algumas correcções, passei aos jogadores o que me ia na alma. Transmiti sentimentos, falámos sobre responsabilidade.”

Só por descargo de consciência, quais os resultados do fim-de-semana seguinte? O Sporting perde 4-1 em Leiria, o Benfica desliza no Dragão (2-0).

E pronto, é tudo sobre os dérbis da Taça em Alvalade.