Se se enquadra neste grupo, torna-se obrigatório ver a primeira longa-metragem do premiado realizador português João Salaviza.Talvez depois de escalar esta “Montanha” comece a dar o braço a torcer e a gostar menos de produções com Jason Statham. O enredo explora a adolescência através de um corpo que fala por si, resistente e inquieto. David (David Mourato) é um jovem de 14 anos com o avô às portas da morte e uma casa nos Olivais. Rafa (Rodrigo Perdigão) e Paulinha (Cheyenne Domingues) são os amigos de aventuras que, com David, formam um triângulo amoroso de rede complexa, sem desfecho anunciado.
O mais estranho – e também o mais fantástico – é esta sensação incutida pela lente de Salaviza que nos faz crer que podíamos observar esta história sem recurso ao ecrã. É uma história distinta que sabemos que existe por aí, em vários bairros lisboetas. A isto junte-se a brilhante capacidade do cineasta de captar momentos mundanos que se tornam obras-primas cinematográficas; a banda sonora acertou na muche, barómetro de um filme triste e perturbador; a fotografia, idem. Salaviza não se amedrontou com a estreia nas longas e gerou um dos filmes do ano – internacionalmente falando. A vida é mais ou menos isto… e antes ser David do que ser Statham.