Passamos anos de mão dada com a personagem e, de repente, ela sai da nossa vida com uma atitude parva como a daquelas amigas que deixam de telefonar só porque arranjaram namorado. Fica tudo por explicar – ou mal explicado – e a nós resta-nos a frustração na sala de cinema.
Em “Hunger Games”, o final é tudo. O quarto e último filme (“A Revolta– Parte 2”) segue em crescendo para as cenas finais e ninguém facilita a vida a Katniss, que luta com mortes e traições inesperadas. Estávamos preparados para o pior: o fim lamechas. Para os rebeldes serem melhores seres humanos que os fiéis do presidente Snow, para que o mundo fosse salvo por Katniss e que ela, líder de um admirável mundo novo, acabasse os seus dias com Gale (sempre o preferimos a Peeta, um loiro insonso). O cenário apocalíptico tornar-se-ia idílico. Esqueçam. Não contem com isso.
Contem apenas com Katniss, porque ela nunca desilude. E o mesmo é válido para Jennifer Lawrence e para Donald Sutherland (Snow). E só se sente a falta de Plutarch na tal cena emocional que Philip Seymour Hoffman nunca chegou a gravar (o actor morreu durante a rodagem). Woody Harrelson esforçou-se, mas não é a mesma coisa.