Os economistas escolhidos por Cavaco Silva não são, na sua maioria, favoráveis a um governo de esquerda – isso mesmo já manifestaram alguns deles em artigos de opinião publicados ou em entrevistas. Dir-se-ia que a escolha foi criteriosa, se a intenção era recolher opinião contrárias à posse de um governo socialista chefiado por António Costa.
De todos os que vão hoje ser ouvidos pelo Presidente da República, Bagão Félix é provavelmente o mais moderado na apreciação de um governo socialista. O conselheiro e ex-ministro das Finanças de Santana Lopes considera que um governo de gestão, sem Orçamento aprovado, “não atirará o país para a bancarrota nem fará disparar os juros da dívida pública”. Contudo, em entrevista ao i, disse que a solução “governo de gestão” gera sempre desconfiança nos mercados e pode afastar, mesmo que temporariamente, os investidores. O mais radical é João Salgueiro, ex-ministro das Finanças do governo de Pinto Balsemão, que afirmou, titulava o “Económico”: “Um governo de esquerda vai levar-nos a um novo resgate.” Também Vítor Bento, economista e conselheiro de Belém, em entrevista à Rádio Renascença, qualificou de “frágil” um governo chefiado por António Costa.
Outro dos críticos de Costa é o ex-ministro da Economia do governo socialista de António Guterres, também ele no alinhamento das audições de Cavaco para hoje. Daniel Bessa ironizava em entrevista à RR: “Na certeza de que, se o Presidente da República estivesse muito envolvido em juízos políticos, acho que o melhor que deveria fazer era nomear António Costa para que este pudesse provar do seu próprio veneno.” Também Teixeira dos Santos, Augusto Mateus e Campos e Cunha alinharam em executivos socialistas, mas nenhum simpatiza com a solução António Costa.