Os bancos continuam a ter "desafios e riscos significativos", particularmente no actual enquadramento de "reduzidos níveis de taxas de juro nominais", pelo que devem estar preparados e devidamente provisionados, refere o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal.
Segundo o documento divulgado esta segunda-feira, as instituições financeiras devem estar preparadas para o risco do país, que teria impacto no custo de financiamento da economia, e que para minimizar esse risco, os bancos devem emitir dívida de médio e longo prazo.
"Avolumam-se os riscos para a estabilidade financeira decorrentes de uma reversão desse comportamento" de 'search for yield'", ou, por outras palavras, os bancos devem procurar activos com maiores remunerações devido ao ambiente de manutenção de taxas de juro muito baixas, indica o comunicado do Banco de Portugal (BdP).
É que, segundo o BdP, "um ambiente de baixas taxas de juro nominais pode favorecer a tomada excessiva de risco, a sobrevalorização dos activos e a compressão da rendibilidade das instituições financeiras", pelo que, face a estes riscos, os bancos devem prosseguir a "reafectação do crédito".
Ou seja, o crédito deverá ser direccionado "a mutuários com maior qualidade creditícia, em detrimento de mutuários sem viabilidade económica", sendo "essencial" que, na avaliação de novos créditos, quer a particulares quer a empresas, sejam adoptados critérios prudentes, privilegiando a capacidade de geração de rendimento futuro, inclusive em cenários diversos do actual", aconselha o Relatório.
Além disso, o supervisor financeiro alerta que a economia portuguesa "mantém-se particularmente sensível a desenvolvimentos nos mercados financeiros internacionais" e este factor "assume especial importância dado o ainda elevado endividamento" da economia no exterior.
Pelo que, o relatório aconselha a necessidade de continuar "os processos de consolidação orçamental e de desalavancagem de famílias e empresas", um factor "essencial para a estabilidade financeira de Portugal", principalmente devido a uma subida futura das taxas de juro "e ao decorrente aumento do serviço da dívida".
Lusa