A guerra contra tudo aquilo que somos


Desta vez não foi a execução de um soldado ou de um jornalista. Desta vez não foi um ataque à bomba a um qualquer símbolo do poder ocidental. Desta vez não foi um massacre sobre a liberdade de expressão. Desta vez não foi como das outras vezes. Desta vez é a “guerra”, disse Hollande.  E…


Não nos amedrontemos com as palavras: é mesmo a guerra. Quando se abre fogo indiscriminado sobre cidadãos inocentes, de todas as cores e credos, na normalidade das suas vidas numa das mais cosmopolitas e tolerantes capitais do mundo, isso só pode ser lido como uma declaração de guerra.

Guerra aos nossos valores, ao nosso modo de vida, à nossa civilização. 

O nosso futuro, Europeu e Ocidental, será marcado, em larga medida, pela resposta que formos capazes de dar à tirania do terror e do medo. Ora, a resposta de longo prazo ao terrorismo não pode ser dada nem com fecho de fronteiras, nem com muros de arame farpado, nem com xenofobia – no fim de contas o terror já viaja com passaporte europeu. 

Preservar a segurança dos cidadãos é a primeira obrigação de qualquer decisor político. É de extraordinária importância que esse objetivo seja concretizado dentro do quadro de valores da democracia liberal. A intolerância está à espreita. E vai crescer dentro desta tensão latente entre liberdade e segurança. Grupos políticos extremos, forças populistas e ultra nacionalistas, estão prontas para federar os sentimentos de insegurança e de medo.

Disparando as suas kalashnikov da demagogia, eles nunca perdem uma oportunidade para apontar o dedo aos refugiados; ou de tratar diferente o que é igual; ou para colar o selo de “terroristas” a todos os que, vindos de fora à procura do sonho cá dentro, construíram projetos de felicidade que também são os nossos, europeus.

Eles não conhecem nada sobre os homens. E menos ainda sobre a Humanidade.

A resposta ao regime do terror e do medo tem de ser dada militarmente pelas forças ocidentais nos desertos iraquianos ou líbios e nas ruas poeirentas da Síria. Tem de ser dada diplomaticamente à mesa das negociações, cerrando os punhos em frente aos Estados que patrocinam estes criminosos sem Deus. Mas também tem ser dada nas urnas, com o voto de cada europeu, que deve colocar as forças extremistas (à esquerda e à direita) e a sua agenda do medo no seu devido lugar: o lugar da irrelevância histórica.

Ao abrir as portas das suas casas a estranhos, ao ajudar desconhecidos de línguas diferentes, o povo de Paris mostrou a superioridade moral perante o medo. Por entre a comoção e o choque, os parisienses responderam aos terroristas renovando a humanidade, a compaixão e a esperança. Que esse exemplo nos guie. Porque no dia em que o contra-ataque ao fanatismo for a renúncia daquilo que somos, então nesse dia perderemos a guerra.

A guerra contra tudo aquilo que somos


Desta vez não foi a execução de um soldado ou de um jornalista. Desta vez não foi um ataque à bomba a um qualquer símbolo do poder ocidental. Desta vez não foi um massacre sobre a liberdade de expressão. Desta vez não foi como das outras vezes. Desta vez é a “guerra”, disse Hollande.  E…


Não nos amedrontemos com as palavras: é mesmo a guerra. Quando se abre fogo indiscriminado sobre cidadãos inocentes, de todas as cores e credos, na normalidade das suas vidas numa das mais cosmopolitas e tolerantes capitais do mundo, isso só pode ser lido como uma declaração de guerra.

Guerra aos nossos valores, ao nosso modo de vida, à nossa civilização. 

O nosso futuro, Europeu e Ocidental, será marcado, em larga medida, pela resposta que formos capazes de dar à tirania do terror e do medo. Ora, a resposta de longo prazo ao terrorismo não pode ser dada nem com fecho de fronteiras, nem com muros de arame farpado, nem com xenofobia – no fim de contas o terror já viaja com passaporte europeu. 

Preservar a segurança dos cidadãos é a primeira obrigação de qualquer decisor político. É de extraordinária importância que esse objetivo seja concretizado dentro do quadro de valores da democracia liberal. A intolerância está à espreita. E vai crescer dentro desta tensão latente entre liberdade e segurança. Grupos políticos extremos, forças populistas e ultra nacionalistas, estão prontas para federar os sentimentos de insegurança e de medo.

Disparando as suas kalashnikov da demagogia, eles nunca perdem uma oportunidade para apontar o dedo aos refugiados; ou de tratar diferente o que é igual; ou para colar o selo de “terroristas” a todos os que, vindos de fora à procura do sonho cá dentro, construíram projetos de felicidade que também são os nossos, europeus.

Eles não conhecem nada sobre os homens. E menos ainda sobre a Humanidade.

A resposta ao regime do terror e do medo tem de ser dada militarmente pelas forças ocidentais nos desertos iraquianos ou líbios e nas ruas poeirentas da Síria. Tem de ser dada diplomaticamente à mesa das negociações, cerrando os punhos em frente aos Estados que patrocinam estes criminosos sem Deus. Mas também tem ser dada nas urnas, com o voto de cada europeu, que deve colocar as forças extremistas (à esquerda e à direita) e a sua agenda do medo no seu devido lugar: o lugar da irrelevância histórica.

Ao abrir as portas das suas casas a estranhos, ao ajudar desconhecidos de línguas diferentes, o povo de Paris mostrou a superioridade moral perante o medo. Por entre a comoção e o choque, os parisienses responderam aos terroristas renovando a humanidade, a compaixão e a esperança. Que esse exemplo nos guie. Porque no dia em que o contra-ataque ao fanatismo for a renúncia daquilo que somos, então nesse dia perderemos a guerra.