As chapadas no Continente e o futuro do país


Duas crianças pegaram-se à bofetada por causa dos brinquedos em promoção num hipermercado em Gaia. Eram 50 por cento de desconto, as famílias envolveram-se e a coisa descambou em gritos e pancadaria grossa. Com direito a hospitalização, intervenção policial e uma loja Continente semidestruída. A cena, contada pelo “Correio da Manhã”, demonstra que o mercado…


Duas crianças pegaram-se à bofetada por causa dos brinquedos em promoção num hipermercado em Gaia. Eram 50 por cento de desconto, as famílias envolveram-se e a coisa descambou em gritos e pancadaria grossa. Com direito a hospitalização, intervenção policial e uma loja Continente semidestruída. A cena, contada pelo “Correio da Manhã”, demonstra que o mercado (o hiper, no caso) já antecipou o bodo aos pobres que aí vem.

O que aí vem é o consumismo sem fim, muito dinheiro nos bolsos e uma riqueza nunca vista. Mais abonos, subsídios e isenções, aumentos de salários e redução de impostos. Mais apoios (do Estado), mais emprego (no Estado), mais obras (públicas) e mais feriados (consta que até o dia de Carnaval passará a ser). Para cada um de nós, enquanto durar, será um espectáculo. Para todos nós, pode ser uma calamidade. Depende do tempo que durar. 

A chegada da troika boa, depois da troika má – as medidas do programa (?) do futuro governo são o exacto inverso do memorando de entendimento de há quatro anos –, pode parecer muito simpática. Chega para convencer quem não perceba que a história, com frequência, repete-se.

O que aí está tem tanto de constitucional como de utópico e apresenta em legalidade tudo o que lhe falta em legitimidade política. Já seria altura de acabar com a crispação. Agora é tempo de respeito. Tempo de deixar a solução funcionar e permitir que o país descubra um mundo de infindável fortuna e felicidade.

P.S.: Paulo Cunha e Silva morreu ontem. Várias vezes escrevi sobre ele aqui no i e pude dizer-lhe muito sobre o fantástico trabalho que estava a fazer e a energia extraordinária que tinha. Faltou-me apenas falar-lhe da falta que nos ia fazer. 

Escreve à quinta-feira

As chapadas no Continente e o futuro do país


Duas crianças pegaram-se à bofetada por causa dos brinquedos em promoção num hipermercado em Gaia. Eram 50 por cento de desconto, as famílias envolveram-se e a coisa descambou em gritos e pancadaria grossa. Com direito a hospitalização, intervenção policial e uma loja Continente semidestruída. A cena, contada pelo “Correio da Manhã”, demonstra que o mercado…


Duas crianças pegaram-se à bofetada por causa dos brinquedos em promoção num hipermercado em Gaia. Eram 50 por cento de desconto, as famílias envolveram-se e a coisa descambou em gritos e pancadaria grossa. Com direito a hospitalização, intervenção policial e uma loja Continente semidestruída. A cena, contada pelo “Correio da Manhã”, demonstra que o mercado (o hiper, no caso) já antecipou o bodo aos pobres que aí vem.

O que aí vem é o consumismo sem fim, muito dinheiro nos bolsos e uma riqueza nunca vista. Mais abonos, subsídios e isenções, aumentos de salários e redução de impostos. Mais apoios (do Estado), mais emprego (no Estado), mais obras (públicas) e mais feriados (consta que até o dia de Carnaval passará a ser). Para cada um de nós, enquanto durar, será um espectáculo. Para todos nós, pode ser uma calamidade. Depende do tempo que durar. 

A chegada da troika boa, depois da troika má – as medidas do programa (?) do futuro governo são o exacto inverso do memorando de entendimento de há quatro anos –, pode parecer muito simpática. Chega para convencer quem não perceba que a história, com frequência, repete-se.

O que aí está tem tanto de constitucional como de utópico e apresenta em legalidade tudo o que lhe falta em legitimidade política. Já seria altura de acabar com a crispação. Agora é tempo de respeito. Tempo de deixar a solução funcionar e permitir que o país descubra um mundo de infindável fortuna e felicidade.

P.S.: Paulo Cunha e Silva morreu ontem. Várias vezes escrevi sobre ele aqui no i e pude dizer-lhe muito sobre o fantástico trabalho que estava a fazer e a energia extraordinária que tinha. Faltou-me apenas falar-lhe da falta que nos ia fazer. 

Escreve à quinta-feira