Os suspeitos operavam a partir da Indonésia e no Camboja e tinham como principais alvos residentes de Hong Kong e da China. Hoje, mais de 200 cidadãos chineses foram transportados de volta à China, de acordo com a agência oficial Xinhua.
Os alegados burlões fingiam ser representantes de empresas como a China Unicom, China Telecom, Banco de Xangai ou Banco Industrial e Comercial da China, dizendo às vítimas que tinham contas por pagar, explicou a polícia ao portal noticioso de Xangai Thepaper.cn.
O Ministério de Segurança Pública chinês enviou equipas para a Indonésia e Camboja no mês passado para apoiar a investigação da polícia local, indica a Xinhua. A operação contou também com o apoio das autoridades de Taiwan e Hong Kong.
Contactada pela Lusa, a Polícia Judiciária (PJ) de Macau disse não ter participado nesta operação, indicando também que “uma investigação preliminar não encontrou qualquer residente de Macau afectado pelo esquema”.
Ainda assim, a PJ “mantém-se em contacto com a polícia da China para obter mais informações”.
As autoridades da China, Hong Kong e Taiwan efectuaram rusgas em oito locais na Indonésia onde os gangues estavam sedeados e em três no Camboja. Um total de 392 pessoas foram detidas, mais de 100 de Taiwan, indica a Xinhua.
Segundo as autoridades, os membros destes grupos levaram a cabo mais de 3.000 burlas telefónicas na China e em Hong Kong. As fraudes eram gravadas para servirem de “formação” aos novos membros.
Os suspeitos relataram que trabalhavam das 08:00 às 05:00 todos os dias e que tinham de entregar informações sobre 150 potenciais vítimas todos os meses. Se não cumprissem as tarefas seriam despedidos, disseram, indicando que “todos os dias sentiam pressão”.
Hong Kong tem sido alvo de vários esquemas de fraudes telefónicas nos últimos meses, nomeadamente um em que os burlões se apresentam como funcionários de órgãos do Estado chinês, caso para o qual a PJ tinha emitido, em maio, um alerta à população, depois do registo de mais de uma centena de denúncias, incluindo 20 com prejuízos patrimoniais.
Em Hong Kong, ocorreram, entre Janeiro e Junho, 200 casos deste esquema em particular, um número 50 vezes maior do que o registado no cômputo do ano passado, que foi de quatro, segundo dados publicados pelo South China Morning Post.
Segundo o jornal da antiga colónia britânica, as vítimas foram lesadas em cerca de 26,79 milhões de dólares de Hong Kong (3,1 milhões de euros).
Macau também já foi lesado de esquemas de fraude telefónica. No primeiro semestre do ano, a PJ recebeu 214 denúncias de burlas, das quais cerca de 30% acabaram por se materializar, lesando as vítimas no equivalente a quase um milhão de euros.
Lusa