A eurodeputada bloquista Marisa Matias, isolada em Bruxelas pela hecatombe eleitoral de há pouco mais de um ano, continuou "de pé", o ‘slogan' daquela campanha, e surge agora como a mais nova candidata à Presidência da República.
A candidatura de Marisa Matias é apresentada hoje, às 16:00, num teatro em Lisboa.
Em 2014, o BE perdeu dois lugares no Parlamento Europeu, recuando de 10,72% dos votos (cerca de 380 mil) em 2009 para 4,56% (150 mil), mas reergueu-se como terceira força política do parlamento em 4 de Outubro, alcançando 19 assentos.
Nas presidenciais, a socióloga de 39 anos é agora mais uma na corrida pela esquerda para impedir uma vitória à primeira volta de Marcelo Rebelo de Sousa rumo ao Palácio de Belém.
"Não me candidato para subtrair. Candidato-me para somar. Somar novas forças às outras forças, porque todas são necessárias para que o candidato da direita não ganhe a presidência", declarou, já depois de o PCP ter apoiado o antigo padre madeirense Edgar Silva e a ex-presidente socialista Maria de Belém se ter colocado em campo formalmente.
Entre outros anunciados candidatos seguem o antigo reitor da Universidade de Lisboa Sampaio da Nóvoa e mais um militante socialista – Henrique Neto -, sem que o PS dê o seu patrocínio formal a qualquer candidatura.
Marisa Isabel dos Santos Matias, primeira do seu núcleo familiar de Alcouce, Condeixa-a-Nova (Coimbra) a ter formação superior, envolveu-se na política durante os estudos na Cidade dos Estudantes e tornou-se membro do BE em 2004.
Trabalhando em vários "biscates" desde adolescente para ir sustentando a carreira académica, Marisa Matias alcançou o doutoramento com a tese "A natureza farta de nós? Saúde, ambiente e novas formas de cidadania", após mestrado em ciência e tecnologia.
A investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra mantém-se entre Coimbra, Lisboa, Estrasburgo e Bruxelas desde a primeira eleição para o Parlamento Europeu, em 2009.
Marisa Matias, enquanto vice-presidente da Esquerda Europeia, empenhou-se pessoalmente nas eleições gregas e posterior referendo, dada a proximidade com o Syriza e o chefe de Governo helénico Alexis Tsipras, assim como acontece com o líder do espanhol Podemos, Pablo Iglesias.
A eurodeputada bloquista é presidente da Delegação para as Relações com os Países do Maxereque (Líbano, Síria, Jordânia e Egito), vice-presidente da Comissão Especial sobre as Decisões Fiscais Antecipadas e Outras Medidas de Natureza ou Efeitos Similares e membro da Conferência dos Presidentes das Delegações e da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários, entre outras funções, designadamente relacionadas com a causa palestiniana.
Há quatro anos, foi escolhida pelos seus pares como parlamentar do ano em Bruxelas na área da saúde pelos trabalhos sobre a directiva contra os medicamentos falsificados, relatora da estratégia europeia de combate ao Alzheimer e a fundação do intergrupo da diabetes.
A dirigente do BE foi mandatária nacional do Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim, na altura do referendo nacional pela despenalização da interrupção voluntária da gravidez e activista contra a co-incineração em Souselas.
Lusa