Relvas vs. “Público”. Oposição ataca com contradições do ministro


As pressões que o ministro Miguel Relvas exerceu sobre a jornalista do “Público” foram “inaceitáveis”, como dizem mebros da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), ou foram ilícitas? Miguel Relvas devia ter retirado consequências políticas do caso? São duas das questões que os deputados da oposição querem ver hoje esclarecidas na audição com o…


As pressões que o ministro Miguel Relvas exerceu sobre a jornalista do “Público” foram “inaceitáveis”, como dizem mebros da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), ou foram ilícitas? Miguel Relvas devia ter retirado consequências políticas do caso? São duas das questões que os deputados da oposição querem ver hoje esclarecidas na audição com o ministro que tutela a comunicação social.

PS e Bloco de Esquerda vão apontar contradições nas declarações que Relvas fez sobre o caso. “O ministro tem tentado esconder o que se passou”, diz ao i a deputada do BE Catarina Martins, que lembra o facto de o ministro ter recusado um segundo telefonema à editora de política do jornal a ameaçar com um blackout ao jornal e esta ter conseguido comprová-lo.

A audição do ministro sobre as pressões à jornalista do “Público” foi requerida pelo PS depois de conhecido o relatório da ERC que iliba o ministro de “pressões ilícitas”. “Consideramos uma trapalhada a decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social”, explica ao i Manuel Seabra, o deputado socialista que requereu a audição de Relvas mesmo depois de esta ter sido chumbada pelos partidos da maioria PSD/CDS.

Para os socialistas, há diferentes versões, entre Relvas e os responsáveis do diário, que têm de ser apuradas. Em causa está o facto de o jornal garantir que o ministro ameaçou promover um corte de relações de todo o governo com o jornal e não apenas do seu gabinete e de ter ameaçado divulgar dados da vida privada da jornalista Maria José Oliveira. “Vamos fazer agora o que já devíamos ter feito e apreciar os factos que foram imputados ao ministro”, diz Manuel Seabra: “Um diz uma coisa e outro diz outra. Tem de ser apurada a verdade.”

A estas contradições que os socialistas apontam, o BE acrescenta o facto de a própria ERC escrever uma coisa no relatório e os responsáveis admitirem outra quando questionados no parlamento – Carlos Magno, presidente da reguladora, foi ouvido na última semana e disse que “estava convencido” que a expressão “pressões inaceitáveis” constava do relatório, mas este iliba apenas o ministro de “pressões ilícitas”. Uma ideia que os bloquistas consideram inaceitável: “A ERC descreve uma contradição, mas depois não faz perguntas.” Para a deputada Catarina Martins, o caso não pode morrer assim: “O senhor ministro tem de tirar consequências disto.”

Esta vai ser a primeira vez que o ministro é ouvido no parlamento sobre o caso das pressões ao jornal e acontece na sequência da primeira audição de Relvas na Assembleia da República, no dia 15 de Maio sobre o seu envolvimento com o ex-espião Jorge Silva Carvalho, no âmbito do caso das secretas. Foi nessa altura que a jornalista do “Público” enviou perguntas ao gabinete do ministro que não foram respondidas. Relvas ligou à editora de política e terá ameaçado que se a notícia saísse na edição do dia seguinte cortaria relações com o diário e ainda divulgaria dados da vida privada da jornalista. A notícia em causa não chegou a sair e o conselho de redacção do jornal denunciou o caso.