Criação de novo sindicato abre guerra dentro da GNR


Uma das primeiras decisões do presidente da Associação Nacional Autónoma da Guarda (ANAG), criada recentemente, foi convidar as restantes quatro associações da GNR para uma reunião. O encontro está agendado para amanhã e, diz Virgílio Ministro, tem como objectivo “gerar consensos” e “criar uma plataforma de entendimento” entre as várias estruturas sindicais. Porém, o novo…


Uma das primeiras decisões do presidente da Associação Nacional Autónoma da Guarda (ANAG), criada recentemente, foi convidar as restantes quatro associações da GNR para uma reunião. O encontro está agendado para amanhã e, diz Virgílio Ministro, tem como objectivo “gerar consensos” e “criar uma plataforma de entendimento” entre as várias estruturas sindicais.

Porém, o novo dirigente começa com o pé esquerdo. A Associação dos Profissionais da Guarda (APG) diz que não está interessada em comparecer, porque a ANAG nasceu de um grupo de dissidentes da sua estrutura. A Associação Socioprofissional Independente da Guarda (ASPIG) também não vai: o presidente, José Alho, confessa-se “magoado” com a equipa de Virgílio Ministro: “Deviam ter-se juntado a nós”, justifica. Já a Associação Nacional de Sargentos (ANS) prefere a ironia. “Esperemos que cada vez que haja um problema no seio de uma associação não se crie uma nova”, diz o presidente. Mesmo assim, José O‘Neill vai ao encontro. “Vamos enviar três dirigentes e esperamos que estejam presentes todas as associações. Caso contrário, a reunião não faz sentido”, avisa. A Associação Nacional de Oficiais (ANOG) não diz se vai.

Num ponto as quatro associações parecem estar de acordo: uma nova estrutura não é benéfica para os militares da GNR. “Cada cabeça sua sentença. A fragmentação do associativismo na Guarda é o que a tutela quer e perde-se capacidade negocial”, garante César Nogueira, da APG. José Dias, presidente da ANOG, diz que mais importante que criar estruturas é “garantir a capacidade de organização e comunicação das que existem”. José O’Neill, que representa os sargentos, concorda que a divisão não é benéfica. “É lamentável, porque se perde poder de representatividade”, diz.

Os dirigentes da ANAG pertenciam à APG, perderam as últimas eleições em Março e Virgílio Ministro fala mesmo em “fraude eleitoral”. Há seis anos, a ASPIG começou da mesma forma. “Também nós nos afastámos da APG, que é uma estrutura intolerável e desonesta”, diz José Alho. É por causa deste ponto em comum que o dirigente da ASPIG se diz “magoado” com a ANAG. “Sempre pensei que saíssem e se juntassem a nós, porque somos a alternativa independente. Até lhes poderíamos oferecer cargos de chefia”, garante.

Mesmo assim, o novo sindicato diz-se apostado em “unir” as associações e “promover o diálogo”. “Somos independentes, apartidários e queremos uma plataforma de entendimento onde se possam debater os interesses transversais a todas as classes e estruturas”, diz Virgílio Ministro. Com ou sem apoio das restantes associações, a ANAG já tem 48 dirigentes e o presidente espera atingir os mil associados até ao final do ano.