O dia 2 de Fevereiro foi o dia mais congestionado em Lisboa no primeiro trimestre deste ano. Nos três primeiros meses, as filas de trânsito na capital portuguesa estenderam-se por mais de 1,4 milhões quilómetros, o equivalente a 37 voltas à Terra. Mesmo assim, os três primeiros meses foram positivos para a cidade que teve a maior redução de engarrafamentos entre as 31 cidades europeias analisadas pelo Índice de Congestionamento Europeu, ontem divulgado.
O estudo foi lançado ontem pela TomTom, a fornecedora global de produtos e serviços de navegação automóvel, e é o primeiro que identifica e analisa os engarrafamentos nas maiores cidades da Europa. Lisboa surge na 22ª posição, uma descida de 12 lugares em relação aos dados do primeiro trimestre de 2011, onde se encontrava em décimo lugar. De um nível de congestionamento de 29%, a capital portuguesa passou para 20% de Janeiro a Março deste ano.
“Tudo leva a crer que isto resulta exclusivamente da redução do volume de circulação. Os dados de consumo de combustível apontam no mesmo sentido. No primeiro quadrimestre de 2012, o consumo de combustível em transportes rodoviários caiu 7,2% relativamente ao mesmo período de 2011, e essa queda tem vindo mês a mês a aumentar (6,7% em Janeiro, 7,1% em Fevereiro, 7,3% em Março e 7,8% em Abril)”, afirmou ao i, José Miguel Trigoso.
Para o presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, esta redução é uma consequência directa da crise económica: “Há pessoas que passaram do automóvel para o transporte público; outras que deixaram de circular, como por exemplo, os desempregados; e há muita gente que fazia um conjunto de trajectos de lazer que também deixaram de circular. As pessoas não têm dinheiro para gastar e, como tal, ficam em casa”, refere.
Segundo José Miguel Trigoso, a redução de volume de circulação nas estradas “é comum a todo o país”, não se confinando apenas a Lisboa. “Julgo que se o estudo incluísse outras cidades em Portugal, a redução do volume de circulação seria semelhante”, realçou.
A metodologia utilizada pela TomTom analisa os tempos de viagem em hora de ponta e durante o resto do dia, tendo em conta estradas locais, principais e auto-estradas. “A informação de trânsito precisa e em tempo real combinada com a nossa tecnologia de rotas, torna-nos aptos não só a localizar os congestionamentos, como a ajudar os condutores a evitá-los. Mesmo nos casos em que apenas uma parte dos condutores utilizam um caminho mais rápido, a capacidade de toda a rede de estradas aumenta, beneficiando todo os condutores”, referiu Harold Goddijn, CEO da TomTom.
O nível de congestionamento global de todas as cidades europeias analisadas é de 24%, o que quer dizer que os tempos de viagem demoram, em média, mais 24% a percorrer um trajecto nas horas de ponta que durante os períodos de volume normal de tráfego.
De acordo com o índice, Varsóvia é a cidade mais congestion ada da Europa, seguida de Marselha e Roma. Na capital polaca, na hora de ponta da manhã, pode tardar-se mais 89% a ir de um lugar a outro dentro da cidade. E está entre as cinco cujo tráfego automóvel mais aumentou de 2011 para 2012, junto a Leeds, Munique, Berlim e Marselha.