O presidente executivo do Lloyds, António Horta Osório, defende que os banqueiros devem "tomar muito a sério" a crise financeira e as dificuldades vividas pelas pessoas e dar o exemplo, contribuindo para reduzir essas dificuldades.
Homenageado hoje pela universidade de Bath, a cerca de 180 quilómetros a oeste de Londres, com um douroramento 'honoris causa' pela "contribuição para a banca internacional", o banqueiro admitiu que o setor precisa de restaurar a confiança dos cidadãos.
"Os bancos não têm atravessado momentos fáceis e aquilo que se passou em Inglaterra na última semana agravou a situação em termos de percepção pública", reconheceu, em entrevista à agência Lusa após a cerimónia.
O gestor português falava a propósito da descoberta, na semana passada, de que o Barclays terá, entre 2005 e 2009, manipulado as taxas de juro Libor e Euribor, usadas como referência nos empréstimos interbancários e outras operações financeiras, ao reportar valores mais baixos do que aqueles pagavam.
Este escândalo resultou na demissão dos três mais importantes executivos do banco e na abertura de um inquérito parlamentar às atividades da indústria, enquanto são considerados processos criminais contra os responsáveis.
Dias depois foi revelado que quatro bancos, entre os quais o Lloyds e o Barclays, terão aceitado indemnizar clientes pela venda inapropriada de produtos financeiros de risco elevado.
"Os bancos e quem está à frente dos bancos têm de liderar pelo exemplo, tomar muito a sério a situação económica em que vivemos, as dificuldades que as pessoas estão a passar e [ver] de que maneira é que os bancos que lideramos podem contribuir o mais possivel para minorar essa situação", admitiu Horta Osório.
No cargo desde março de 2011, o português está consciente da importância do Lloyds para a economia britânica enquanto líder do mercado, com uma quota de 25 por cento.
No caso do Lloyds, destacou o desempenho no crédito às Pequenas e Médias Empresas e para a compra de habitação e em ações de responsabilidade social.
Assumindo-se como "gestor de riscos", está também confiante nos reforço dos controlos que introduziu no último ano, nomeadamente a separação das áreas de riscos, finanças, recursos humanos e comunicação das áreas de negócios.
"Ter essas áreas a reportar independentes à comissão executiva são aspetos importantes que agora vão pôr o Lloyds, em termos de valores e em termos de organização e maneira de atuar, com uma cultura bastante mais prudente e com uma reputação propegida ao longo do tempo", acredita o presidente executivo do Lloyds.
"A reputação leva muitos anos a ganhar, mas como se viu na semana passada", sublinhou, "pode-se perder num dia".