Os administradores executivos e não executivos da Metro Mondego renunciaram ao cargo, o que deixa a sociedade sem administração a partir do final do mês, disse hoje à agência Lusa um dos elementos demissionários.
Criada em 1996, com o objetivo de implantar um sistema de metro no centenário Ramal da Lousã (substituindo as automotoras a diesel por veículos elétricos mais ligeiros) e na área urbana de Coimbra, a Metro Mondego é uma empresa de capitais exclusivamente públicos, liderada pelo Estado e que tem como acionistas minoritários os municípios de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã.
O administrador não executivo António Simões, indicado pelo anterior Governo, apresentou hoje a sua demissão em carta enviada ao secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, e revelou à Lusa que todos os administradores em funções estão também demissionários.
"O projeto está, desde junho de 2010, numa fase totalmente indefinida, razão pela qual sinto uma enorme frustração, não pelo trabalho que os elementos do conselho de administração desempenharam, sempre com posições unânimes sobre o Sistema de Mobilidade do Mondego, mas por falta de decisões por parte do acionista maioritário desta sociedade", lamentou no ofício endereçado ao secretário de Estado.
O administrador executivo João Rebelo confirmou à agência Lusa que oficializou a sua renúncia ao cargo na sexta-feira, referindo que "deu seguimento a uma intenção já manifestada à tutela em fevereiro" deste ano.
Por seu lado, o administrador não executivo Vassalo de Abreu garantiu que apresenta a sua renúncia na terça-feira de manhã.
No início de junho, o administrador não executivo Carlos Ferreira, indicado pelo município de Miranda do Corvo, já tinha apresentado a sua demissão, considerando que os concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã não foram devidamente respeitados pelo Estado.
Carlos Ferreira, atual presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Miranda do Corvo, frisou que "a população desta região, que com sacrifício paga os seus impostos, não consegue entender como é possível que políticos irresponsáveis lhe tenham destruído o seu sistema de mobilidade, que para isso tenham gasto cerca de 150 milhões dos seus impostos, não o tenham reposto em funcionamento, e não sejam julgados por isso".
A administração da sociedade Metro Mondego estava confinada a estes quatro elementos, depois da demissão do presidente Álvaro Maia Sêco, em 30 de novembro de 2010, e das saídas dos administradores Carlos da Cunha Picado (executivo) e Parola Gonçalves (não executivo) a 31 de março deste ano.
A nomeação de uma nova administração está agora dependente da marcação de uma assembleia-geral, que terá de realizar-se ainda este mês.
Em cerca de 16 anos de atividade, a sociedade Metro Mondego foi responsável pela realização de duas empreitadas no Ramal da Lousã, desativado há mais de dois anos, no valor de 150 milhões de euros, de um montante global de 447 milhões de euros, correspondente à intervenção de toda aquela linha, que tem uma extensão de aproximadamente 37 quilómetros.