Estiveram no Super Bock Super Rock em 2010, quando o festival se mudou para a Herdade do Cabeço da Flauta, a caminho do Meco. Regressam ao mesmo local para apresentar ao vivo o novo “In Our Heads” (amanhã, 2h40). Nem por isso iguais ao que ouvimos então, mas nunca fugindo à identidade que construíram.
Foi na digressão de “One Life Stand”, o anterior trabalho do grupo (de 2010), que começaram a nascer as primeiras letras e ritmos. O resto foi surgindo ao longo de 2011, entre o bom feeling primaveril e os passeios de toalha ao ombro no Verão. Joe Goddard, um dos vocalistas, fala-nos com muita naturalidade mas admite que há uma série de factores que os inspiraram. “A música que vamos ouvindo constantemente, o facto de me ter tornado pai, esse género de acontecimentos entraram-se no álbum de uma forma implícita. E depois, claro, é sempre aliciante redescobrirmos músicas de que realmente gostamos, criar novas letras, novos desafios.” Quando questionado sobre se esses acontecimentos tornaram a banda mais sentimental, Joe hesita: “Isso é uma pergunta difícil, não sei ao certo. Os Hot Chip sempre foram um bocado sentimentais, sabes? Mas sim… agora que falas nisso talvez encontre esse sentimentalismo em algumas das minhas letras.”
Para este novo trabalho, os objectivos específicos eram poucos, à parte a boa produção, a qualidade das letras, os pontos habituais que qualquer banda deseja preencher. Como admite Joe, a banda só queria continuar a fazer música. “Tenho uma grande obsessão, em que mergulho a toda a hora, que é fazer música. Tento não fugir à minha ideologia musical, trabalhar através dela, aperfeiçoá-la e expressá-la da melhor maneira que for capaz. Com a melhor qualidade de som, usando os melhores sintetizadores para poder retirar os melhores ritmos e o melhor baixo. Quando acordo é isso que quero fazer, todos os dias.”
Entre as críticas a “In Our Heads” há quem diga que estão a estagnar, que o estilo não muda e a abordagem é a mesma. Mas até ao momento os geeks de Londres, como são muitas vezes apelidados, têm-se dado muito bem e, pelo que diz Joe, é para continuar desta forma. “Apreciamos muito este estilo de música que desenvolvemos e não sentimos necessidade de mudar muita coisa, tem sido muito envolvente para nós.”
A verdade é que desde “Coming on Strong” (2004), o primeiro álbum, que a banda tem adoptado novos elementos criativos. E para Joe é aí que residem as principais diferenças de “In Our Heads”. “Se ouvires o primeiro álbum e ouvires este, reparas que desta vez misturámos mais instrumentos acústicos nas músicas, nas guitarras, nas baterias, nos baixos. O primeiro era uma máquina de baterias antigas e sintetizadores. Portanto, para mim, as diferenças estão nestes pequenos aspectos, nada mais.”
Ainda sobre este novo álbum, quisemos saber como os próprios se classificam quando alguém lhes pede uma descrição ao jeito de loja de discos. “Talvez pop electrónica não baste”, diz-nos Joe. “Eu não o descreveria [a “In Our Heads”] muito como electro. Para mim, o electro sugere uma música mais agressiva, kicks mais rudes nos sintetizadores. Este trabalho para mim parece-me mais uma fusão entre pop, disco music, anos 80… é mais suave que electro puro, no fundo. Há diferenças claras entre os temas, mas para mim é, na sua essência, um disco de música pop, apenas isso.”
Os britânicos estrearam-se no Super Bock Super Rock em 2010, ano em que o festival se mudou para o Meco. Nessa noite antecederam os Vampire Weekend e puseram toda a gente a dançar. É isso que prometem fazer mais uma vez, agarrar as pessoas para as largar sabe-se lá quando. Joe faz prognósticos antes da partida: “É melhor esperar o mesmo de sempre dos Hot Chip. Não gostamos de dar concertos para aborrecer as pessoas, por isso podem esquecer as músicas mais paradas. Queremos construir um espectáculo em crescendo, com um grande ambiente à volta do público, pôr as pessoas a dançar. Vocês são incríveis.”
Incríveis? Incríveis como, Joe? “Adoro as pessoas, são muito amáveis, a língua, apesar de não perceber nada de português, o peixe fresco é maravilhoso, a linha costeira, as praias, as árvores, as planícies, os monumentos românticos, gosto de um conjunto de coisas do vosso país. Ah, quase me esquecia, o vinho… é do melhor que já bebi.” Saúde.
O SBSR tem hoje o seu “dia 0”, com a recepção ao campista. Música à responsabilidade de Dubdout (23h), DJ Riot (23h45), Nuno Forte (00h45), Delta Heavy (01h45) e Netsky (03h00).
+ Info: www.superbocksuperrock.pt