Jerónimo de Sousa. Conclusões da última cimeira europeia são “um escândalo”


O PCP considera "um escândalo" a última cimeira europeia por ter aprovado apoios à banca e esquecido a crise social em países como Portugal, defendendo ainda que em relação às políticas para o crescimento "a montanha pariu um rato". "As conclusões mais importantes da cimeira, no fundo, confirmaram aquilo que consideramos um escândalo, que é…


O PCP considera "um escândalo" a última cimeira europeia por ter aprovado apoios à banca e esquecido a crise social em países como Portugal, defendendo ainda que em relação às políticas para o crescimento "a montanha pariu um rato".

"As conclusões mais importantes da cimeira, no fundo, confirmaram aquilo que consideramos um escândalo, que é esta transferência colossal de milhares de milhões de euros, sempre com o mesmo destinatário, a banca e o capital financeiro, com consequências tremendas na vida dos povos, na vida dos trabalhadores, que pagam com o esbulho dos seus salários, dos seus direitos e dos seus rendimentos essa transferência colossal", afirmou hoje o secretário-geral do PCP.

Jerónimo de Sousa falava em Lisboa, na sede do PCP, numa conferência de imprensa em que apresentou as principais conclusões da reunião de hoje do Comité Central do partido.

O secretário-geral do PCP sublinhou que os líderes europeus, reunidos no final da semana passada em Bruxelas, tomaram medidas para permitir "a entrega mais direta" de dinheiro à banca espanhola e italiana, sem considerarem "também, objetivamente, as dificuldades com que Portugal se confronta".

"Eu sublinho isto porque o tal princípio da coesão económica e social, que é a pedra angular dos documentos da União Europeia e a razão da sua fundação, com isto se demonstra que está apenas no papel, com a discriminação de países como o nosso, com dificuldades tremendas, com uma linha de agravamento que se vai acentuar", acrescentou Jerónimo de Sousa, insistindo em que se "acentua também  a desigualdade de critérios" na adoção de medidas no seio da União Europeia.

"Simultaneamente, também a montanha pariu um rato em relação à propalada política de crescimento e emprego. São medidas meramente parcelares que não vão resolver aquilo que hoje, por exemplo, em Portugal, é um problema de fundo", afirmou ainda o líder do PCP, referindo que Portugal precisa de crescer, de criar emprego e de combater o desemprego, não encontrando os comunistas no conjunto de medidas acordadas em Bruxelas "as medidas que são necessárias", que considerou "meros paliativos" que não resolverão os problemas nacionais.

Assim, para o PCP, "o 'pacto para o crescimento e e o emprego', que como se previa terá um alcance quase residual tendo em conta a dimensão da crise, confirma-se fundamentalmente como uma operação de propaganda, estando projetado para, entre outros, salvar a face de alguns governos que, como o Governo francês, insistiram mais uma vez na velha estratégia de mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma".

Da mesma foram, considerou ainda Jerónimo de Sousa, a decisão de apoiar diretamente a banca demonstra que "foram os interesses dos grupos económicos e financeiros que estiveram uma vez mais no centro desta cimeira, enquanto que a gravíssima crise social no espaço da União Europeia foi objeto das habituais operações de propaganda e hipocrisia"