Congresso das Alternativas recusa ser “frente de esquerda”


O Congresso Democrático das Alternativas quer apresentar uma via diferente para resolver os problemas do país, mas recusa ser um embrião de uma “frente de esquerda”. “Este congresso não será um embrião de nada em matéria organizativa da esquerda, sendo antes um congresso em que será apresentado um conjunto de ideias, uma base programática e…


O Congresso Democrático das Alternativas quer apresentar uma via diferente para resolver os problemas do país, mas recusa ser um embrião de uma “frente de esquerda”.

“Este congresso não será um embrião de nada em matéria organizativa da esquerda, sendo antes um congresso em que será apresentado um conjunto de ideias, uma base programática e uma discussão para que o país disponha de alternativas”, afirmou ontem o economista José Reis, no final de uma primeira reunião do movimento, um encontro que tinha como missão traçar os objectivos gerais do congresso e eleger a comissão organizadora.

Os dinamizadores do movimento – que já conta com cerca de três centenas de pessoas – garantem não ter intenções de formar uma nova corrente política, mas antes gerar um programa de alternativa. Mas admitem que os partidos podem ser peças-chave na concretização deste objectivo. “Temos noção de que para pôr em prática estas alternativas é necessário um suporte político que as operacionalize”, afirma ao i o ex-líder parlamentar do BE, José Manuel Pureza, que faz parte do núcleo executivo eleito. E acrescenta: “Sabemos a identidade própria dos partidos mas convocamo-los a ser interlocutores privilegiados desta procura de alternativas. São actores muito importantes deste processo”.

O movimento prevê, aliás, vir a reunir com os partidos. Isto embora o PCP se tenha já colocado fora da iniciativa, manifestando, em comunicado, uma “clara reserva” em relação à “natureza e origem” do Congresso Democrático das Alternativas. Questionado sobre esta ausência, José Reis apenas afirmou: “O PCP conhece o nosso documento e [a ausência] não nos suscita nenhuma questão”. Ontem, a reunião juntou na mesma sala deputados do PS e do BE, assim como personalidades de diversos quadrantes da esquerda.

Segundo José Manuel Pureza, durante o encontro houve críticas “muito claras” ao modelo que tem vindo a ser seguido pelo governo, de austeridade sobre austeridade e “encurtamento da dignidade”. “Mas mais que um diagnóstico, queremos identificar alternativas para o resgate do primado da dignidade das pessoas”, sublinha.

Entre os objectivos do Congresso consta a ruptura com o programa da troika. “Vamos denunciar o Memorando e dizer que não é, longe disso, a única possibilidade. As ideias de via única são erradas e são totalitárias”, referiu José Reis.

O movimento tem o apoio do ex-Presidente da República, Mário Soares. Além de Pureza e José Reis foram eleitos mais 40 elementos que farão parte da comissão organizadora do congresso que se realizará a 5 de Outubro. Entre eles estão Carvalho da Silva, Alfredo Barroso, Vasco Lourenço ou Daniel Oliveira.

com Lusa