O trabalho deixou de aparecer e o sufoco das contas a acumular levou João Prata, fotógrafo profissional ‘freelancer', a mudar de vida e criar o seu próprio negócio: entrega de produtos ao domicílio, durante a noite.
A decisão de pôr de lado, ao fim de 13 anos, a câmara fotográfica "não foi fácil", mas a necessidade de ganhar dinheiro e manter-se ativo falou mais alto.
"A fotografia já não me dava rendimento, os trabalhos que tinha eram mal pagos e o ano passado foi um ano negro, foi quando decidi que tinha de mudar o rumo da minha vida, até porque também não consigo estar parado", contou João Prata à agência Lusa.
A ideia de ter um negócio seu surgiu há cerca de um ano tendo decidido que queria criar um serviço de venda de produtos para casos de emergência.
Com algumas economias que tinha, conseguiu investir e, no final do ano passado, criou a "Mercearia na Hora", um serviço online de entrega de produtos ao domicílio das 20:00 às 04:00.
"Achei que era uma ideia original. À hora em que já nada está aberto e de repente as pessoas apercebem-se que falta alguma coisa para o jantar ou precisam de um produto com urgência, eu posso ajudá-las", afirmou.
Desde vinhos, a comida para animais, lâmpadas, lenha, ou pensos rápidos, João Prata vende de tudo, menos frescos. "No meu pequeno armazém tenho um stock de todo o tipo de produtos, os que tenham uma duração mais longa", disse.
Ao fim de seis meses de funcionamento, o balanço é "positivo", embora reconheça que ainda é cedo para começar a tirar lucro.
Ainda assim, adiantou João Prata, num mês bom, de muitos pedidos, consegue fazer 400 euros.
"Não é sempre certo. Tenho noites que não tenho nenhum pedido, depois há outras que vou a várias casas", contou.
Tabaco, vinho e cerveja são os produtos mais solicitados por jovens, que são a maioria dos clientes.
Ao preço dos produtos que vende, acresce uma taxa de três euros em Cascais e cinco euros em Oeiras, os locais onde atualmente faz as suas entregas.
Aos 42 anos, João Prata diz-se novamente motivado com o trabalho, o que já não sentia há muito tempo.
"Tenho esperança que o negócio cresça, que as coisas corram melhor e que daqui a um tempo já possa ter mais pessoas a trabalhar comigo e ter uma ‘mercearia na hora' em Sintra e noutras zonas de Lisboa", concluiu.