PS diz que Portugal caminha “aceleradamente” para ter mais um ano de ajustamento


 


 

O PS considerou hoje que Portugal caminha "aceleradamente" para prolongar de três para quatro anos o seu programa de ajustamento económico e financeiro estabelecido com a União Europeia e Fundo Monetário Internacional (FMI).

Esta posição foi defendida pelo dirigente do PS Eurico Brilhante Dias, após a divulgação dos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), segundo os quais o défice atingiu os 7,9 por cento no primeiro trimestre deste ano.

"Desde novembro de 2011 que o PS defende que Portugal deveria ter um ajustamento [financeiro] realizado em mais de um ano. Penso que estamos a caminhar aceleradamente para o momento dessa decisão", sustentou o membro do Secretariado Nacional do PS.

Nas declarações que fez aos jornalistas, o responsável setorial do PS para a área económica referiu que o atual Governo nunca poderá invocar o argumento de que os socialistas, perante as dificuldades registadas no processo de consolidação orçamental, "indicaram a estratégia correta".

"O Governo poderá apanhar o barco atrasado, mas é preferível que apanhe o barco atrasado, porque se não o fizer vai prejudicar ainda mais portugueses", disse.

Interrogado se o PS espera mais medidas de austeridade do Governo para que se atinja um défice de 4,5 por cento no final do ano, Eurico Brilhante Dias afirmou que os socialistas não concebem um caminho em que "a sobreausteridade tenha algum resultado".

"Mais medidas de austeridade, mais contração da procura interna e mais desemprego apenas podem significar mais problemas de consolidação orçamental", advogou Eurico Brilhante Dias.

Confrontado com dados do INE que apontam para uma redução do défice externo e um aumento das exportações, Eurico Brilhante Dias contrapôs que "quem olha para o as exportações observa três grupos de produtos que têm vindo a incrementar de forma substantiva este indicador".

"Numa análise detalhada à estrutura das exportações, observa-se que aumentou de forma mais substantiva os combustíveis, produto que "não tem impacto direto no emprego e é um setor fortemente concentrado onde predominam grandes empresas; aumentaram as exportações de automóveis, de novo um negócio fortemente concentrado e onde predominam grandes empresas; e aumentaram de forma substantiva os produtos como o ouro e outros metais preciosos. Todos percebemos de onde vem o aumento substantivo da exportação de ouro", apontou.

De acordo com Eurico Brilhante Dias, se for feito o exercício de se retirar os combustíveis, as exportações e os metais preciosos da estrutura das exportações, ficando apenas o conjunto das pequenas e médias empresas (PME), "o aumento das exportações é muito menor, mesmo em temos nominais".

"Pior do que isso: É nestes setores que o país tem maior presença de PME e que temos mais emprego associado à procura externa", acrescentou.