Santos Pereira vaiado. Ministro considera manifestação “legítima”


O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, classificou hoje como "legítima" a manifestação contra o Governo que enfrentou na Covilhã e assegurou que o Executivo tem intenção de "manter um diálogo social muito grande". Algumas dezenas de manifestantes bloquearam hoje de manhã a saída do automóvel do governante, após uma visita ao Parque de Ciência…


O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, classificou hoje como "legítima" a manifestação contra o Governo que enfrentou na Covilhã e assegurou que o Executivo tem intenção de "manter um diálogo social muito grande".

Algumas dezenas de manifestantes bloquearam hoje de manhã a saída do automóvel do governante, após uma visita ao Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã.

À saída do edifício do parque, a comitiva do ministro tentou evitar os manifestantes que exibiam tarjas e gritavam palavras de ordem contra o Governo, mas, já na rua, o ministro viu-se confrontado com dois contestatários.

Apesar de insultado, insistiu em lhes dirigir a palavra e acabou por ser cercado pelos outros participantes na manifestação.

Enquanto tentava falar, e apesar da intervenção do presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, o governante continuou a ser insultado e vaiado até entrar no carro.

Quando tentou avançar, houve manifestantes que se colocaram à frente e em cima do automóvel durante alguns minutos para impedir a marcha, acabando por ser retirados por outras pessoas e por um elemento policial armado descaracterizado.

Poucos minutos depois da comitiva ministerial ter saído do local, Luís Garra, coordenador da União de Sindicatos da CGTP de Castelo Branco, dirigiu-se aos manifestantes.

Referiu que o protesto foi a forma encontrada para "fazer ouvir o descontentamento dos trabalhadores", dado que o ministro não previu qualquer encontro com as forças sindicais.

"O ministro não quis ouvir de forma direta a voz do trabalho, teve que ouvir assim: é a forma como os trabalhadores estão a sentir indignação, é a forma repressiva instalada hoje no mundo do trabalho, nas empresas, nos serviços públicos, em todos os locais", afirmou Luís Garra.

O sindicalista realçou que existe "um clima de medo, de intimidação, de exploração e de empobrecimento".

Apesar do incidente, "ninguém foi detido ou identificado", disse o sindicalista à Agência Lusa.

Depois dos incidentes, Álvaro Santos Pereira visitou a fábrica de confeções Dielmar, em Alcains, em redor da qual já se encontravam diversos militares da GNR – ao contrário do que aconteceu na Covilhã, em que não se vislumbraram elementos das forças de segurança.

À saída da unidade fabril, o ministro referiu que as medidas tomadas pelo Governo "são importantíssimas para ultrapassar as dificuldades, mas nem toda a gente está contente".

"Não podemos estar contentes com a crise que vivemos e por isso é que as reformas são tão importantes para ultrapassar a situação atual", reafirmou.

O ministro considerou a manifestação "legítima", mas realçou que "o Governo manteve desde o primeiro dia a intenção de diálogo social muito grande".

"Por isso achei que era importante falar e ouvir os manifestantes e continuaremos nesta senda do diálogo social", concluiu.