Cegos. Testemunha põe em causa tese do Ministério Público


A tese de troca de medicamentos no caso dos doentes que cegaram no hospital de Santa Maria em Julho de 2009 foi ontem abalada em tribunal. Joaquim Chaves, do laboratório que fez parte das análises usadas como prova, rejeitou que os resultados signifiquem que não foi usado o medicamento previsto, o bevacizumab (Avastin). Os resultados…


A tese de troca de medicamentos no caso dos doentes que cegaram no hospital de Santa Maria em Julho de 2009 foi ontem abalada em tribunal. Joaquim Chaves, do laboratório que fez parte das análises usadas como prova, rejeitou que os resultados signifiquem que não foi usado o medicamento previsto, o bevacizumab (Avastin).

Os resultados de uma análise a uma proteína no olho dos doentes têm sido invocados para reforçar a tese de acusação do Ministério Público (MP): troca de medicamentos. Como o Avastin visa reduzir esta proteína, que leva a acumulação de fluido na retina e progressiva cegueira, o facto de os doentes apresentarem valores elevados levou médicos e o MP a concluir que as injecções não tinham Avastin, mas outro medicamento. Joaquim Chaves diz que essa conclusão não é válida, pois os doentes já tinham cegado e as células mortas aumentam os valores. Por outro lado, alguns doentes terem diabetes e um deles cancro, poderia levar a valores elevados. Questionou ainda o facto de não terem sido valorizados resultados positivos para a presença de bactérias, que os médicos consideram falsos negativos.

A defesa apresentou requerimentos para esclarecer incongruências entre novas respostas recebidas este mês do hospital e do Infarmed. No final de 2008, antes do incidente, o Infarmed fez uma inspecção no serviço de onde sairiam as seringas a injectar nos seis doentes. Em Março de 2009 pediu ao hospital que apresentasse um plano para fazer face às recomendações, no prazo de 30 dias. Este plano, que não constava do processo, foi agora submetido pela directora do serviço, com data de 16 de Abril de 2009 e cópia do registo de envio ao Infarmed. Já este respondeu que o plano não consta do processo. O julgamento dos dois arguidos, um farmacêutico e uma técnica de diagnóstico e terapêutica acusados de ofensa à integridade física por negligência, continua em Setembro.