“Fiquem exaustos”, disse LeBron James aos seus colegas de equipa antes do quarto jogo das finais. Aconselhou e deu o exemplo, apesar de não conseguir estar presente no campo durante os 48 minutos. Não foi por falta de vontade – como é habitual, LeBron correu de uma ponta à outra e foi tão bom no ataque (marcou 26 pontos) como na defesa (seis ressaltos defensivos e dois roubos de bola), sem esquecer o trabalho de equipa (foi o jogador com mais assistências, 12 no total). Fez por merecer a alcunha “Da um até à cinco” posta pelo treinador Erik Spoelstra, que se esforçava por ilustrar a capacidade do jogador de cobrir todas as posições em campo.
É inevitável falar no multifacetado LeBron na fase final do campeonato, depois do descalabro que foi o ano passado para os Miami Heat. Nunca James esteve tão perto de conseguir o título, ou não estivessem as estatísticas do lado da equipa de Miami. Nunca em todos os anos da NBA uma equipa a vencer 3-1 nas finais deixou escapar o campeonato. Os números deixam os Thunder já aparentemente derrotados.
Podia não ter sido assim, a avaliar pelo início desta quarta partida. Ao contrário do que tem sido habitual no confronto Heat-Thunder, os rapazes de Oklahoma dominaram todo o primeiro período, que terminou com 33-19. A vantagem continuaria no segundo, menos alargada (49-46), mas o terceiro período foi o ponto de viragem numa equipa assente apenas nas suas duas estrelas: Kevin Durant e Russell Westbrook. Essa foi provavelmente a maior diferença entre as duas equipas: os Heat não se apoiaram só em LeBron e contaram com um elenco secundário de luxo.
O Óscar vai para Mario Chalmers. “Ele pensa mesmo que é o melhor jogador da equipa e isso é uma dádiva e uma maldição”, explicou Dwyane Wade. “Mas esta noite foi uma dádiva para nós, porque ele nunca se desmotiva, acredita sempre.” Geralmente criticado pelos colegas de equipa, Chalmers redimiu-se ao conseguir 25 pontos (menos um que LeBron e os mesmos que Wade). Do lado dos Thunder, Westbrook podia ter ofuscado LeBron como melhor actor principal (fê-lo certamente com Durant) ao marcar uns impressionantes 43 pontos, mas viu a sua prestação manchada no preciso momento em que o ala dos Heat estava fora do caminho. As cãibras nas pernas foram tão fortes que LeBron teve de ser arrastado para fora de campo duas vezes. Depois da primeira vez, a cinco minutos do final, regressou e marcou três pontos, mas acabou por ter de sair definitivamente a 55 segundos do fim. Era o momento para Westbrook brilhar, mas acabou por fazer uma falta sobre Chalmers que custaria mais dois pontos aos Thunder. Chalmers marcou e voltou a fazê-lo nos últimos dez segundos.
Aos Thunder de pouco valeu a energia de Westbrook e a defesa de Serge Ibaka. Antes do jogo, Ibaka declarava que “LeBron não é um bom defesa. Consegue jogar à defesa dois ou três minutos, mas não 48.” LeBron James respondeu, com a delicadeza a que já nos habituámos: “Ele é um estúpido.” Simpatias à parte, a verdade é que, mesmo com cãibras, LeBron conseguiu mais ressaltos – nove – do que todos os colegas de equipa. O actor principal só descansa quando o filme acabar e o anel for seu.