Mais derrotas (9) que vitórias e empates (8), mais golos sofridos (27) que marcados (26), finalista vencido da Supertaça (Arsenal) e já eliminado da Taça da Liga (Stoke City), o Chelsea de Mourinho está mal que dói. Para já, uma época para esquecer. Se a isso acrescentarmos a série incrível de quatro jogos seguidos sem vencer (Dínamo Kiev, West Ham, Stoke e Liverpool), estamos perante um onze algo desnorteado.
O “algo” aqui prende-se com ser sempre possível um volte-face, uma cambalhota resultadista. Vai daí, o jogo de hoje com o Dínamo Kiev apresenta um carácter inesperado de decisivo. No que ao futuro da Liga dos Campeões diz respeito só a vitória interessa, senão está o caldo entornado. O empate mantém o Dínamo em segundo lugar, com mais um ponto. A derrota então nem se fala – abre-se a distância de quatro pontos com oDínamo a receber o Maccabi na última jornada enquanto o Porto vai a Stamford Bridge.
Em frente
Ciente disso, Mourinho aventura-se na autoconfiança. “Penso que o Chelsea vai acabar em primeiro lugar no grupo. Em primeiro ou em segundo. Estou completamente convencido de que nos vamos qualificar para a próxima fase.”
Ou seja, a crise da Premier League (15.o lugar, com 22 golos sofridos – a quarta pior defesa da liga) não se alarga à Europa.E como acontece tudo? “Tento ser melhor treinador a cada dia que passa. Tento analisar todos os pormenores do meu trabalho. É por isso que sou bom. Quando se chega ao meu nível é difícil aprender com os outros, tem de se aprender com o próprio. E eu aprendo todos os dias comigo.”
Os jornalistas revezam-se e perguntam sempre a mesma coisa, com incidência num eventual despedimento de Roman Abramovich por maus resultados. “Não tenho de responder a isso. Se estive ou não [reunido com o presidente do Chelsea]. Tenho mais quatro anos. Neste caso, neste momento, três anos e sete meses.”
O microfone dança. Passa ao outro e não ao mesmo. E a temática repete-se over and over. Se não é o adeus prematuro (eventual, claro), é a perda do elo de ligação com o plantel (eventual, pois claro). “É uma acusação muito triste e desonesta. Se eu dissesse que algum jornalista era desonesto, provavelmente tomariam medidas legais. Estão a acusar os jogadores de desonestidade. Eles têm vindo a dar o seu melhor a cada minuto e em todos os treinos. Têm uma personalidade fantástica. Trabalham no limite e têm sempre força e vontade de vencer o próximo jogo.”
Onze anos
Porquê então a horrorosa sequência de resultados? “Sei a que se devem. Ando nisto há muito tempo. É uma combinação de factores, mas não quero dizer quais.”
E agora? “Tinha dito que os maus resultados chegariam e que os iria enfrentar com a mesma honestidade e dignidade com que encarava ser campeão europeu”, numa alusão aos dois títulos, um pelo Porto, em 2004, outro pelo Inter, em 2010. Conclusão: “Esperei 11 anos para isso acontecer. Demorou algum tempo, mas chegou num momento em que me sinto estável e com força para os enfrentar.”
Chelsea-Dínamo Kiev às 19h45 na SportTV2