Há cerca de 50 anos, Max Grundig procurava uma localização para uma nova unidade industrial da empresa que recebeu o seu nome e aceitou a sugestão de um colaborador português que o convidou a visitar a sua cidade natal.
Em Braga, Grundig deixou-se encantar pela paisagem do rio Este, na então zona limítrofe da cidade, pelas semelhanças com a sua própria cidade de origem, Furth.
Com a chegada da Grundig, Braga recebeu a semente que a tornaria uma referência mundial no sector da electrónica (fosse em vários pequenos electrodomésticos, fosse em auto-rádios ou outras componentes ligadas à indústria automóvel).
Vinte e cinco anos depois, uma joint venture com a Blaupunkt reforçou a presença do investimento alemão no concelho e a capacidade exportadora e empregadora deste sector em particular.
Quase duas décadas mais tarde, cerca de 50% dos auto-rádios vendidos na Europa, da generalidade das marcas automóveis, eram produzidos num raio de algumas centenas de metros da freguesia de Ferreiros, em Braga, onde ainda hoje se encontram instaladas a Delphi Automotive Systems (que adquiriu a Grundig) e a Bosch Car Multimedia (que adquiriu a Blaupunkt).
No seu conjunto, as empresas agregam mais de 2400 trabalhadores e um volume de facturação de 900 milhões de euros, quase integralmente orientado para a exportação, o que as posiciona nos primeiros lugares do ranking das exportadoras do norte de Portugal.
Como é normal em todas as empresas e sectores de actividade, nem sempre estas unidades viveram dias felizes, tendo a sua própria continuidade estado em risco em diversas ocasiões, o que deu origem aos processos de aquisição em que estiveram envolvidas.
Ao longo dos últimos anos, porém, o cenário tem sido francamente positivo, com um crescimento contínuo, a conquista de novos clientes e posições de referência nos grupos em que se encontram inseridas, um aumento do número de colaboradores e dos volumes de facturação e a realização de investimentos novos e ambiciosos que se traduzem nos objectivos a concretizar a curto prazo: na Bosch, por exemplo, espera-se a duplicação da facturação e um aumento de 50% do número de trabalhadores num prazo máximo de cinco anos.
Para tal muito tem contribuído o aumento da eficiência das unidades (ao ponto de se assumirem como as melhores do mundo nas divisões que integram em cada um dos grupos) e a diversificação e modernização do leque de produtos.
Hoje, mais que os tradicionais auto–rádios, estas empresas têm uma posição de relevo nos sistemas de navegação e na área do infotainment, de que é um bom exemplo o projecto HMIExcel – Human Machine Interface Excellence, desenvolvido em parceria entre a Bosch e a Universidade do Minho. Se ao longo dos últimos dois anos o mesmo envolveu um investimento de cerca de 19 milhões, de que resultaram 14 projectos e dez patentes registadas no desenvolvimento do cockpit do futuro, esta parceria prevê para os próximos três anos um investimento de 56 milhões de euros na evolução de 38 novos projectos.
Na semana em que ambas assinalam as efemérides que evocam a sua presença em Braga (os 50 anos da Delphi e os 25 da Bosch), fica o testemunho de que aqui se desenvolve hoje a tecnologia do futuro, assente na forte articulação entre o tecido económico e os centros de conhecimento, com o total apoio das estruturas de governo nacionais, regionais e locais, em benefício da economia, do bem-estar da população e do progresso da sociedade no seu todo.
* Feliz aniversário!
Presidente da Câmara de Braga
Escreve à quinta-feira